Centenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram no parque Moinhos de Vento, na Capital, neste domingo (1º), Dia do Trabalho. Vestindo verde e amarelo e portando bandeiras do Brasil, eles pediam engajamento na campanha eleitoral e atacaram os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um carro de som estacionado em uma das vias era decorado com um boneco inflável do presidente, faixas contra a imprensa e palavras de ordem como "verdade", "justiça". Ao microfone, um locutor conclamava o público a ingressar numa "guerra espiritual" até as eleições.
Com a palavra franqueada aos manifestantes, houve fila ao lado do caminhão. No revezamento dos discursos, o conteúdo era quase sempre o mesmo: apoio a Bolsonaro, apologia ao armamentismo, ataques à esquerda e ao STF.
O público ficou concentrado entre a esquina da Avenida Goethe com a Rua Mostardeiro e a passarela do Parcão. Todavia, não foi suficiente para lotar o espaço, deixando vazios no asfalto. Ao som de "Eu te Amo, meu Brasil", canção ufanista dos anos 1970, os manifestantes sacudiram as bandeiras e dançaram na avenida. Entre eles circulavam dois painéis com fotos dos ministros do STF Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, ambos vestidos de presidiário e com chifres vermelhos na cabeça.
Às 15h45min, um segundo carro de som estacionado diante da passarela concentrou os discursos de políticos e pré-candidatos. A presença de dois palanques funcionando ao mesmo tempo criou desentendimento entre os organizadores, mas não impediu a continuidade do ato.
Outro motivo de discórdia foi a passagem de uma caixinha entre os presentes para o recolhimento de doações. Enquanto os locutores do carro de som parado junto à Mostardeiro pediam que o público não desse dinheiro sob a justificativa de que toda a estrutura já estava paga, no caminhão próximo à passarela o pedido era para que os manifestantes contribuíssem com a organização do protesto.
Embalados pela charanga da La Banda Loka Liberal, parlamentares e pré-candidatos discursaram à multidão. Houve críticas ao ex-governador Eduardo Leite, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às urnas eletrônicas e ao distanciamento social como instrumento de prevenção à covid-19.
Apoiador de Bolsonaro, o senador Luis Carlos Heinze (PP) foi o único entre os pré-candidatos ao governo do Estado a discursar. Ele defendeu o impeachment de ministros do STF e a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Corte. Também aliado do presidente e pré-candidato ao Piratini, o ex-ministro Onyx Lorenzoni não participou da manifestação porque estava em Brasília. Pouco depois das 17h, o público começou a se dispersar.