Menos de 24 horas depois de atacar a Petrobras em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro, elogiou a empresa na declaração oficial após reunião fechada com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, em Georgetown.
— Na questão de óleo e gás temos uma gigante brasileira, chamada Petrobras, que cada vez se torna uma realidade para cooperar com a Guiana — afirmou o chefe do Executivo.
De acordo com Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, debateu as possíveis cooperações "com muita profundidade".
— Guiana tem grande futuro pela frente, em especial por seu potencial de petróleo e gás — disse.
Na quinta-feira (5), Bolsonaro acusou a Petrobras de ter um lucro "criminoso" e inadmissível, que seria um "estupro" dos brasileiros afetados pela alta dos combustíveis. No mesmo momento, a companhia divulgava seu balanço com lucro líquido de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre do ano.
O governo federal aposta nas reservas de petróleo e gás descobertas na Guiana para firmar parcerias com a Petrobras, segundo tem expressado o ministro das Relações Exteriores, Carlos França.
O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, não integrou a comitiva, contrariando o que disse na quinta-feira em transmissão ao vivo nas redes sociais o próprio Bolsonaro. Apesar de a Petrobras justificar que a ausência já havia sido informada, o fato pegou de surpresa até mesmo ministros de Estado que também foram à Guiana.
— Comitiva se altera a todo momento. O Ministério da Ciência e Tecnologia não estava previsto inicialmente e ontem decidiu-se incluir o ministro Paulo Alvim na comitiva — justificou à reportagem um líder da Esplanada, para quem a ausência de Coelho não tem qualquer relação com os ataques do presidente à Petrobras.
No mesmo discurso após o encontro, Bolsonaro afirmou que a reunião foi "bastante produtiva" por seu estilo supostamente parecido ao do presidente local.
— Fiquei muito honrado de ser chamado de amigo, e a recíproca é verdadeira — afirmou o chefe do Executivo. — Somos parceiros, brevemente frutos serão colhidos dessa nossa passagem.
De acordo com Bolsonaro, os dois trataram de agricultura no encontro, e a Guiana foi informada de que o Brasil quer se tornar um exportador de trigo nos próximos anos.
— Tecnologia desenvolvida pela Embrapa já é uma realidade em Roraima — disse o presidente, que aposta em mais investimentos brasileiros no país vizinho. — Isso obviamente após a nossa visita será potencializado.
Ainda na declaração à imprensa, Bolsonaro reiterou também o interesse do país em obras de infraestrutura que possam ligar o país vizinho a Roraima, ainda isolada do sistema elétrico brasileiro.