Confirmado como ministro da Educação nesta segunda-feira (18), Victor Godoy Veiga fez sua carreira longe da área de ensino – o novo titular do MEC é bacharel em Engenharia de Redes de Comunicações de Dados pela Universidade de Brasília (UnB) e possui como grau acadêmico máximo duas especializações, uma em Globalização, Justiça e Segurança Humana e outra em Altos Estudos em Defesa.
Ele concluiu o curso em 2003, um ano antes de ingressar na CGU. Na área profissional, atuou por 16 anos como auditor federal de finanças e controle da Controladoria-Geral da União (CGU). Sua trajetória na educação começou em julho de 2020, quando Milton Ribeiro assumiu o comando do MEC e o convidou a ocupar o cargo de secretário-executivo da pasta. Desde o final de março deste ano, quando a exoneração de Ribeiro foi anunciada, Veiga chefiava o ministério de forma interina.
Na especialização em Altos Estudos em Defesa, cursada na Escola Superior de Guerra, o tema de monografia é "competência dos órgãos públicos no combate à corrupção". O ex-ministro Milton Ribeiro, seu antecessor, foi afastado após denúncias de corrupção reveladas pelo Estadão, envolvendo o gabinete paralelo de pastores que interferiam no empenho de verbas da pasta.
O currículo do novo ministro não é atualizado há quase um ano na plataforma Lattes, do governo federal, utilizada por pesquisadores e docentes brasileiros. Nela, ainda consta como endereço profissional o prédio da CGU, em Brasília.
Ao anunciar Godoy como seu número 2, em 2020, Ribeiro destacou que o novo secretário-executivo trabalhava na área da CGU que auditava o Ministério da Educação. Uma de suas primeiras ações na pasta foi exonerar quatro ex-assessores especiais do ex-ministro Abraham Weintraub.
Em 13 de janeiro de 2021, Godoy participou de reunião do MEC com os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, a dupla que compunha o gabinete paralelo da pasta. A agenda foi um café da manhã com diversos prefeitos. Entre eles, estavam alguns dos que relataram ao Estadão só ter conseguido acesso ao ministério por meio dos pastores, como Nilson Caffer (PTB), Adelícia Moura (PSC), Laerte Dourado (PP) e Fabiano Moreti (MDB). A pauta do encontro foi "alinhamento político".
Godoy também tem especialização em Globalização, Justiça e Segurança Humana pela Escola Superior do Ministério Público. Segundo seu currículo na plataforma Lattes, o ministro tem somente um artigo publicado em periódico científico. Ele é coautor de um estudo sobre acordos de leniência.
Até 2020, sua experiência profissional também não esteve relacionada ao campo da educação. Na Controladoria, foi chefe de divisão, coordenador-geral de auditoria e chefe da Diretoria de Acordos de Leniência. Fez carreira em funções administrativas, como a que ocupou no Ministério a partir de 2020.