O rapper Marcelo D2, uma das atrações do festival Lollapalooza neste domingo (27), decidiu recorrer no Supremo Tribunal Federal (STF) à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de vetar qualquer manifestação política no palco do evento. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, D2 agiu a conselho do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), que teria colocado o artista em contato com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, que o representa na ação. Além de recorrer no STF, o jurista declarou que apresentará recurso no próprio TSE contra a decisão do ministro Raul Araújo.
— Ela é claramente inconstitucional e arbitrária, uma ofensa à liberdade de expressão e à manifestação artística — afirmou Kakay à Folha.
A proibição às manifestações políticas no Lollapalooza ocorreu após a cantora Pabllo Vittar levantar uma bandeira com a foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e gritar "Fora Bolsonaro" durante o show realizado na sexta-feira (25). A decisão de Araújo, que atendeu a pedido feito pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, entendeu que o caso se configura como "propaganda político-eleitoral".
No despacho, o ministro definiu que fica proibida a "realização ou manifestação propaganda eleitoral ostensiva e extemporânea em favor de qualquer candidato ou partido político por parte dos músicos e grupos musicais que se apresentem no festival". Em caso de novos descumprimentos, a organização do festival terá que pagar multa de R$ 50 mil.
Protestos
Marcelo D2 não foi o único incomodado com a decisão de Raul Araújo. Ao longo deste final de semana, diferentes artistas demonstraram seu descontentamento com a decisão do ministro do TSE.
No line-up do festival neste domingo, a banda gaúcha Fresno expôs a frase "Fora Bolsonaro" no telão durante sua apresentação e, ao final da performance, recebeu o cantor Lulu Santos no palco, que apareceu citando frases contra a censura da ministra do STF Cármen Lúcia.
Já a cantora Anitta ironizou o caso pelas redes sociais. Em resposta à notícia sobre a decisão, a cantora escreveu em seu perfil no Twitter: "50 mil? Poxa... menos uma bolsa. FORA BOLSONAROOOOO. Essa lei vale fora do país? Pq meus festivais são só internacionais".
Quem também entrou na discussão foi o youtuber Felipe Neto. Em publicação no Twitter, o influenciador se comprometeu a auxiliar aqueles que descumprirem a decisão do TSE: "Artistas no Lolla, muitos não podem lidar com perseguição do governo. Caso sejam perseguidos por se posicionarem, nosso movimento Cala Boca Já Morreu se dispõe a ajudá-los com a defesa. Se alguém for condenado e precisar, eu ajudo a pagar essa multa ilegal", escreveu.