A menos de sete meses do primeiro turno das eleições, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinou nesta quarta-feira (23) sua filiação ao PSB e abriu caminho para concorrer como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.
Figura simbólica do PSDB, o ex-tucano tem histórico de divergências com o petista, mas, ao anunciar a decisão de ingressar no novo partido, afirmou que o momento exige "grandeza política, espírito público e união", numa referência ao objetivo de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
A articulação da chapa Lula-Alckmin foi capitaneada pelo ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-ministro Fernando Haddad (PT). Para se colocar no cenário político nacional, o ex-tucano abriu mão de disputar o governo de São Paulo, Estado que já governou por três mandatos, mesmo na liderança das pesquisas de intenção de voto — o convite para concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes havia sido feito pelo ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.
Alckmin anunciou a saída do PSDB em dezembro. Ele estava insatisfeito no partido desde as eleições de 2018 e se sentia traído pelo atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se elegeu colando sua imagem na de Bolsonaro, apesar de Alckmin ter sido o candidato tucano ao Palácio do Planalto quatro anos atrás. Para a eleição deste ano, Doria foi escolhido pré-candidato do PSDB a presidente.
O ato de filiação de Alckmin ocorreu em Brasília, na sede da Fundação João Mangabeira. Estiveram presentes o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), França e outras lideranças nacionais do partido.
PT e PSDB polarizaram quase todas as eleições presidenciais desde a redemocratização do país. Os tucanos governaram o Brasil por oito anos, de 1995 a 2002, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), e os petistas estiveram no poder de 2003 até 2016, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em 2006, quando Lula conquistou a reeleição, seu adversário nas urnas foi Alckmin. Na eleição de 2018, contudo, o segundo turno foi entre Haddad e Bolsonaro, que saiu vitorioso — Alckmin, que foi o candidato tucano, obteve 4,7% dos votos.
Em 19 de dezembro, Lula e Alckmin estiveram em um jantar organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas em São Paulo e posaram para uma foto juntos. Foi o primeiro sinal público da aliança.
O "Jantar pela Democracia" reuniu, na ocasião, mais de 500 pessoas. Em 19 de janeiro, o petista disse que não teria "nenhum problema" em construir uma chapa com Alckmin, apesar do histórico de antagonismo entre os dois.
— Governar significa que você tem que adquirir possibilidade muito grande de conversar com as pessoas — afirmou Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto.