O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comentou nesta quarta-feira (23) a crise no Ministério da Educação (MEC) após a revelação de que pastores evangélicos integrariam um "gabinete paralelo", atuando no controle da distribuição de verbas e da agenda da pasta comandada por Milton Ribeiro.
Na entrada do Palácio do Planalto, Mourão disse a jornalistas que Ribeiro é uma pessoa honesta e educada e que há necessidade de uma investigação sobre as denúncias.
— Minha visão a respeito do trabalho do ministro Milton é de que ele é uma pessoa honesta, ele tem honestidade de propósito, é uma pessoa extremamente educada, cautelosa nas coisas. Então, acho que tem que esclarecer melhor essa situação aí para se chegar a uma conclusão do que realmente ocorreu, e se realmente houve algo que não seja realizado dentro dos princípios da administração pública — afirmou.
Sobre a gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, em que o ministro afirma que repassa verbas para municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, Mourão declarou que não se pode emitir juízo de valor.
— É uma gravação. Você não sabe se aquilo está editado, se não está editado.
Mourão também afirmou que não vê problema em manter Ribeiro no cargo de ministro da Educação.
— Enquanto não houver um esclarecimento bem bom a respeito disso aí, eu acho que não há problema de ele continuar no governo, até pela forma como o ministro se comporta. Eu tenho muito respeito por ele — disse o vice-presidente da República.
A atuação de uma espécie de "gabinete paralelo" dentro do MEC, que estaria negociando a transferência de recursos federais para prefeituras, ganhou mais um capítulo nesta quarta. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que um dos pastores, Arilton Moura, teria pedido um quilo de ouro para conseguir liberar verbas para o município de Luis Domingues, no Maranhão.
Parlamentares de oposição na Câmara e no Senado foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça (22) para pedir a abertura de uma investigação contra Milton Ribeiro e o presidente Jair Bolsonaro, além de uma manifestação da Procuradoria-Geral da República. Até o momento, o chefe do Executivo e o Palácio do Planalto não comentaram o assunto.