O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira (20), em evento na cidade de Russas, no Ceará, o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil. Em meio à queda de braço entre as alas política e econômica do governo sobre o formato de financiamento do programa para substituir o Bolsa Família, o chefe do Executivo prometeu, mesmo sem explicar a origem dos recursos, que não vai furar o teto de gastos.
— Ontem nós decidimos, como está chegando ao fim o auxílio emergencial, dar uma majoração para o antigo programa Bolsa Família, agora chamado Auxílio Brasil, a R$ 400 — declarou o presidente.
— Temos a responsabilidade de fazer com que recursos saiam do Orçamento da União, ninguém vai furar teto, ninguém vai fazer nenhuma estripulia no Orçamento. Mas seria extremamente injusto deixar 17 milhões de pessoas com valor tão pouco (sic) no Bolsa Família — acrescentou.
Bolsonaro decidiu por um benefício de R$ 400 para o substituto do Bolsa Família até dezembro de 2022, ano eleitoral. Desse valor, cerca de R$ 200 seriam um pagamento temporário, com metade disso fora do teto de gastos.
Na terça-feira (19), a possibilidade de furar a regra considerada a âncora fiscal do país gerou forte repercussão negativa no mercado financeiro e dentro da equipe econômica.
Apesar da promessa de Bolsonaro, o governo flerta com a flexibilização do teto para conseguir arcar com os R$ 400 do benefício. Quando a ideia era de R$ 300, já havia a ideia de limitar o pagamento de precatórios por meio de uma PEC, justamente pelo espaço reduzido do teto de gastos enquanto o Congresso pressiona por mais emendas parlamentares.
O chefe do Executivo ainda prometeu a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco e assumiu que a carga tributária do Brasil está elevada.
— Mas, no meu governo, nada foi majorado — declarou, sem citar o ajuste para cima no IOF justamente para financiar parte do Auxílio Brasil.