O valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil até o final de 2022, criação do governo Jair Bolsonaro para substituir o Bolsa-Família, turbinaria a campanha da reeleição a menos de um ano do pleito, não fosse por um detalhe: falta lastro para bancar esse aumento do benefício, que custaria R$ 83 bilhões aos cofres públicos. Parte do valor (média de R$ 240) seria fixa e parte paga fora do teto de gastos. Como esse pagamento só seria possível com pedalada fiscal e calote de precatórios, o mercado financeiro entrou em parafuso: o dólar disparou, fechou em R$ 5,594 (aumento de 1,33%) e a bolsa caiu 3,28%.
Antes que o estrago se tornasse irreversível, aos 44 minutos do segundo tempo o anúncio foi suspenso, confirmando o amadorismo como está sendo tratado um assunto tão sério. O risco de disparada da inflação, que já está entre as mais altas do mundo, fez a equipe econômica colocar o pé no freio, mas não se sabe o que virá amanhã ou depois.
Um auxílio de R$ 400 é pouco para quem recebe, mas não cabe no orçamento, considerando-se o número de famílias miseráveis que preenchem os requisitos para fazer parte do programa. Como cumpre a promessa de Bolsonaro de aumentar em mais de 50% o valor atual do Bolsa Família e adicionar uma parcela extra até dezembro de 2022, criou-se no público-alvo a expectativa de um auxílio mais próximo do emergencial, concedido no auge da pandemia. A área econômica defendia o valor total de R$ 300.
Quando mandou o projeto para a Câmara, em agosto, o governo deixou o valor em aberto. Tempo houve para definir de quanto seria o Auxílio Brasil e ajustá-lo ao orçamento. Por que se marcou o anúncio sem que todas as pontas estivesses amarradas? Por que trocar de nome a pouco mais de um ano do fim do governo? Pergunte lá no Posto Ipiranga.
Coincidência ou não, Bolsonaro na sexta-feira reuniu a equipe econômica para tratar do auxílio quando o ministro Paulo Guedes estava nos Estados Unidos. Incluiu na reunião os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O grupo estava dividido entre os que defendiam a prorrogação ao auxílio emergencial e os que preferiam lançar de vez o Auxílio Brasil, apagando um nome consagrado no governo Lula, com a união de vários programas criados por Fernando Henrique Cardoso.
Aliás
A instabilidade política, a crise econômica e o flerte com o populismo conspiram para a fragilidade do real. Para conter a inflação, que já passa de dois dígitos, resta ao governo elevar o juro, semeando pânico entre os que brasileiros que precisam de crédito.
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