Ao longo desta quarta-feira (8), cresceram os pontos com mobilização de caminhoneiros no país. No início, havia registro de atos em três Estados e, agora à noite, já eram 14 com concentrações de motoristas nas rodovias.
As manifestações tiveram início após os atos de 7 de Setembro, convocados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Ainda que exista a intenção de alguns de dar seguimento aos bloqueios, a categoria diz estar "confusa" e apresenta divisão. Grande parte dos representantes da classe com quem GZH conversou disse que não recomenda a participação nos atos e que a orientação para a iniciativa vem do setor do agronegócio e de lideranças políticas.
Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ijuí, Carlos Alberto Litti Dahmer afirma que a decisão de participar das manifestações é individual, mas que considera os atos “um erro”.
— É um movimento produzido pelo agronegócio, pelos que defendem Bolsonaro. Não vejo os autônomos à frente disso no cenário nacional, mas sim o agro e as empresas de transporte. É uma pauta vinculada a outras questões. Acaba dando a falsa impressão de que são os caminhoneiros, porque os grandes empresários não dão a cara, ficam usando os outros de massa de manobra — afirma.
André Muniz, presidente da Associação dos Caminhoneiros de Soledade, afirma que o protesto que ocorreu nesta quarta-feira no Trevo da Bandeira, localizado na BR-386, deve ser repetido na quinta (9). Segundo ele, a decisão de prosseguir com os atos leva em conta o que dizem agricultores locais e caminhoneiros de outros Estados, com os quais os motoristas daqui conversam por WhatsApp. O cenário de Brasília, segundo ele, é um fator decisivo para definir a continuidade dos bloqueios.
— A gente conversa com lideranças de todo o país. Fizemos uma manifestação leve, mas depois da última declaração do ministro (Luiz Fux, do STF), a chama que estava se apagando reacendeu. Nos sentimos desafiados, mas eles (ministros) não sabem a força que o povo tem — diz.
André Costa, presidente da Federação dos Caminhoneiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (Fecam) e da Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Carga (Conftac), afirma que as entidades não recomendam a participação no movimento. Ele avalia que o que se vê na grande maioria dos eventos são pontos isolados com caminhões novos e equipamentos agrícolas de boa qualidade.
— Alguém deve ser o proprietário disso e ter suas razões para tumultuar a sociedade. E esses não são os caminhoneiros autônomos — diz.
Presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes também não recomenda a participação nos bloqueios. Ele diz estar “assustado” com o que está acontecendo nas estradas de alguns Estados:
— Está tudo muito confuso, eles estão cismando com o STF, misturaram política e agressão aos ministros, e isso não vai dar coisa boa. Cada um desses caminhoneiros vai ter que assumir sua responsabilidade, porque a polícia vai partir para cima. Respeitamos quem participa, mas nós ficamos de fora disso.