Mais de 24 horas após o fim da manifestação de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, centenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro permanecem no local. Eles se concentram no canteiro central da via e também nas pistas em volta do prédio do Congresso.
No meio da tarde, após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, fazer um duro pronunciamento em resposta ao presidente, o grupo voltou a atacar a Corte e ameaçar os ministros. Uma barreira policial, porém, impede que os manifestantes cheguem próximos à sede do Judiciário.
O trânsito na Esplanada está fechado desde segunda-feira (6), mas dezenas de caminhões e ônibus que furaram o bloqueio feito pela Polícia Militar na véspera dos atos permanecem ocupando as faixas. No início da tarde, a reportagem flagrou um homem tentando furar a barreira para chegar ao prédio do Supremo, mas ele foi contido pelos policiais.
Um carro de som foi posicionado no canteiro central. Apoiadores do presidente se revezam em discursos em português e inglês.
— We trust Bolsonaro — disse uma mulher.
Um dos manifestantes também bradava contra os ministros do Supremo Tribunal Federal:
— Urubus, vocês não são supremos. Nós vamos derrubar vocês.
O grupo deixou penduradas as faixas antidemocráticas vistas no ato de terça. Uma delas pede o fechamento do Congresso e a instauração de um regime militar, atos que violariam a Constituição. "Exigimos a imediata destituição de todos os ministros do STF e a criminalização do comunismo", diz uma delas.
Estrutura
Para alimentar os manifestantes, o grupo montou uma estrutura com barracas, mesas e fogões entre os ministérios da Agricultura e da Economia. Por volta das 16h40min, homens e mulheres cozinhavam em aos menos 10 panelas grandes. No cardápio, arroz carreteiro. Ao lado, uma estrutura menor também produzia refeições.
Há banheiros químicos espalhados pela Esplanada desde terça. Os apoiadores ocupam uma área que vai do Congresso e estende até a sede do Ministério da Agricultura, o quinto prédio da Esplanada. Há centenas de barracas de camping no local.
Mais cedo, um grupo de manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede do Ministério da Saúde após jornalistas que aguardavam em frente ao prédio serem hostilizados. Os profissionais se dirigiram para dentro do ministério para se proteger. Os manifestantes foram contidos por seguranças.
A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas informou que a confusão já havia sido encerrada quando os policiais chegaram.
Procurada para comentar se os manifestantes estão autorizados a permanecer no local, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e a Polícia Militar não responderam.
Em nota divulgada na noite da terça-feira, a secretaria informou que "por razões de segurança", a Praça dos Três Poderes seguiria restrita a manifestações. "As forças de segurança permanecerão monitorando toda a região central de Brasília, por meio do Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob) e equipes em campo."