Minutos depois de valorizar, em atividade na Assembleia Legislativa, os resultados das medidas de ajuste fiscal de sua gestão, o governador Eduardo Leite foi cobrado, em praça pública, a abrir o cofre e conceder reajuste aos professores estaduais. Em um encontro na rua, entre a Praça da Matriz e o Palácio Piratini, Leite ouviu demandas do comando do Cpers-Sindicato, que protestava no local.
O governador abriu a conversa afirmando que o pagamento do 13º salário dos servidores deve voltar a ser feito em dia e prometendo receber os professores para uma reunião.
— O grande esforço do governo, além de ter colocado em dia (os salários), é pagar o 13º sem recorrer a empréstimos, esse é o nosso esforço. A gente espera poder cumprir neste ano. E vamos conversar oportunamente. Faz essa primeira conversa com nossa equipe, em seguida me disponho a fazer essa conversa presencialmente com vocês para identificar caminhos — disse Leite.
Como cobrança, ouviu da presidente do Cpers, Helenir Schurer, que o cenário para os educadores gaúchos é dramático.
— Principalmente, governador, nós precisamos de reajuste. Vamos fechar, em novembro, sete anos sem reajuste. Tudo está subindo. Hoje, nosso salário basicamente serve para alimentação. Temos casos de professores com luz cortada, que tiveram que sair de suas casas porque não conseguiam mais pagar aluguel. Nossa situação é caótica. Estamos com mais de 46% de perdas desde 2014, quando tivemos o último reajuste. E nós não podemos esperar mais. Que venha uma proposta — disse a presidente do Cpers, acompanhada de menos de 10 manifestantes.
— Vamos trabalhar nessa lógica — finalizou Leite.
Na Assembleia, Leite afastou chance de reajuste
Durante a apresentação que havia feito, pouco antes, na Assembleia, Leite chegou a citar os pedidos dos professores. Ao tratar do que chamou de “riscos fiscais”, o governador destacou as mudanças nas regras do Fundeb que podem obrigar o Rio Grande do Sul a ampliar em R$ 3 bilhões os gastos com educação.
— Geraria a necessidade de aplicar mais R$ 3 bilhões que o Estado não tem. Pode até alguém dizer: “Então pega esses R$ 3 bilhões e aplica em salários”. Mas para pagar R$ 3 bilhões em salários de ativos, tem que pagar outros R$ 6 bilhões em inativos. Até temos aí as manifestações legítimas do Cpers, que deseja reajustes. Mas qualquer reajuste de R$ 1 dado para um servidor na ativa vira R$ 2 para os inativos — justificou Leite.
Depois da apresentação, questionado por GZH sobre a demanda dos professores, Leite lembrou que, até o fim do ano, por força de lei federal, não há possibilidade de conceder reajustes. A vedação de reajustes salariais é uma das exigências da chamada Lei de Socorro aos Estados, aprovada durante a pandemia.
— O governo trabalha na lógica de poder identificar os caminhos possíveis sem comprometer o ajuste fiscal — afirmou o governador.
Nas próximas semanas, o governo do Estado deve anunciar um plano milionário de obras em escolas, chamado Avançar na Educação.