Reflexo dos atos do 7 de Setembro, pelo menos menos 35 pontos de bloqueio e manifestações foram encerrados ao longo da quinta-feira (9) nas rodovias do país. Mas, segundo última atualização do Ministério da Infraestrutura, divulgado na tarde de ontem, 13 Estados ainda seguiam com ocorrências nas estradas, a maior parte da Região Sul.
No Rio Grande do Sul, não há relatos de bloqueios em rodovias no início da manhã desta sexta-feira (10). A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, às 5h30min, que as equipes seguem verificando a condições das estradas gaúchas. Já em Santa Catarina, segundo a PRF, há quatro ponto de bloqueios para caminhões em três rodovias do Estado: BR-280, BR-282 e BR-116.
Nos últimos dois dias, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foram às ruas pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), insuflados por ameaças de rompimento institucional feitas pelo chefe do Executivo. Em "declaração à Nação" publicada na tarde desta quinta-feira, o presidente afirmou que não teve a intenção de agredir quaisquer dos poderes e que divergências decorrem das decisões adotadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
As declarações em tom apaziguador colocaram o Ibovespa em rota ascendente e fizeram o dólar despencar. À noite, em transmissão pela internet, o presidente afirmou que é "um direito dos caminhoneiros" manter as paralisações nas rodovias brasileiras até o próximo domingo (12).
Movimento dos caminhoneiros
Entre a noite de quarta (8) e a manhã desta quinta-feira foram registradas manifestações em 15 Estados brasileiros: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.
No RS, até o início da manhã, havia mobilização em estradas de diferentes regiões, como Vale do Rio Pardo, Vale do Caí, Fronteira Oeste, Serra, Litoral Norte e Região Central. Durante a tarde, também houve lentidão em diversas rodovias gaúchas. Por volta das 20h, todos os pontos de bloqueios já haviam sido liberados.
Corrida aos postos
Com medo de um possível desabastecimento, postos de combustíveis das zonas sul e leste de Porto Alegre registram longas filas de carros na manhã desta quinta-feira.
O motivo da procura são as manifestações de grupos de caminhoneiros mobilizados desde terça-feira (7), já que, em 2018, uma greve massiva da categoria provocou desabastecimento em todo o país.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis do Rio Grande do Sul (Sulpetro-RS), João Carlos Dal’Aqua, tranquilizou os motoristas sobre a situação do abastecimento nos postos de gasolina e garantiu que as distribuidoras estão entregando normalmente aos postos.
Carta de Bolsonaro
Bolsonaro divulgou uma declaração, nesta tarde, na qual afirma que não teve a intenção de agredir quaisquer dos poderes e que divergências decorrem das decisões adotadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
De acordo com o chefe do Executivo, pessoas que exercem o poder na vida pública não têm o direito de "esticar a corda" a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e a economia. Bolsonaro afirma que ainda proferiu palavras "no calor do momento" e que as devidas medidas judiciais serão tomadas.
Mais tarde, durante uma live transmitida nas redes sociais, o presidente afirmou que é "um direito dos caminhoneiros" manter as paralisações nas rodovias brasileiras até o próximo domingo (12). O prazo foi tratado na reunião que teve com líderes das mobilizações que ocorrem em rodovias do país desde terça-feira (7).
— Fui bem claro, se passar de domingo, segunda, terça a gente começa a ter problemas seríssimos de abastecimento, influencia na economia, aumenta a inflação — afirmou.
Bolsa reagindo
Após a alta de 2,89% na quarta-feira, em meio ao agravamento da crise institucional na sequência das manifestações de 7 de Setembro, o dólar caminhava para encerrar o pregão desta quinta em leve queda, na casa de R$ 5,30. Operadores afirmavam que o declínio da moeda americana no exterior e a perspectiva de alta mais forte da taxa Selic, na esteira do IPCA de agosto acima das expectativas, abriam espaço para ajuste de posições e davam certo fôlego ao real, em dia até então marcado por queda da bolsa e alta firme dos juros futuros.
Na reta final dos negócios, o jogo virou. Declarações em tom apaziguador do presidente Jair Bolsonaro sobre a crise dos Poderes colocaram o Ibovespa em rota ascendente e fizeram o dólar despencar — no momento mais agudo, a moeda rompeu o piso de R$ 5,20 e desceu até a mínima de R$ 5,1943 (-2,47%).
Com uma leve recuperação nos minutos finais da sessão, a moeda americana fechou a R$ 5,2273, em baixa de 1,86%, a maior queda porcentual desde 24 de agosto (-2,23%). Após o tombo, a valorização do dólar no acumulado da semana passou a ser de apenas 0,83%.