Após colocar em dúvida a eficácia da vacina chinesa CoronaVac por diversas vezes, o presidente Jair Bolsonaro elogiou nesta quinta-feira (9) a parceria com a China que permitiu ao Brasil receber os imunizantes do país asiático.
Em reunião virtual da cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Bolsonaro lamentou ter se reunido com o presidente do país asiático, Xi Jinping, apenas uma vez desde que assumiu o mandato. O chefe do Executivo também comentou que "parcela expressiva" das vacinas brasileiras é originária de insumos da China e mencionou vários campos de atuação conjunta entre os países.
— A parceria se tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil — disse o presidente, dirigindo-se ao líder chinês.
Em novembro do ano passado, Bolsonaro chegou a desautorizar o seu então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao dizer que o Brasil não compraria a CoronaVac, que chamou de "vacina do Doria", em referência ao governador de São Paulo. O imunizante chinês é produzido no país em parceria com o Instituto Butantan, laboratório ligado à gestão paulista.
Mesmo após a vacina ter o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que comprovou a eficácia do imunizante, Bolsonaro continuou a colocar em dúvida a CoronaVac. Em entrevista a uma rádio no mês passado, Bolsonaro disse que "não está dando certo".
— Tem uma (vacina) chinesa aí que gente tomou a segunda dose, está se infectando, está morrendo, e não é pouca gente, não. A gente espera que a Anvisa dê uma resposta para a isso, ou o próprio Butantan dê uma resposta para isso. A população tem o direito de saber da real efetividade da vacina que está tomando — afirmou Bolsonaro, na ocasião.
O imunizante não impede que as pessoas sejam contaminadas pelo vírus, mas diminui expressivamente a chance de a doença se agravar.
Em sua fala inicial na reunião do Brics, Bolsonaro também ressaltou a aproximação com a Índia e, ao comentar sobre a Rússia, disse que o Brasil tem interesse em ampliar sua pauta de exportações. O ministro da Economia, Paulo Guedes, acompanhou a participação ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
O presidente brasileiro lembrou sua visita à Índia, atual país anfitrião do Brics, e disse que a viagem ainda repercute positivamente sobre os negócios e a aproximação entre os dois países.
— A parceria com a Índia permanece até hoje. Nossa cooperação tem avançado na área de ciência, energia e combate à pandemia de covid. O comércio bilateral tem crescido — citou.
No caso da Rússia, o presidente brasileiro enalteceu as relações de "grande envergadura" com o país. Bolsonaro não fez qualquer menção a relações com a África do Sul, apesar de o presidente Cyril Ramaphosa estar presente ao encontro.
— Estou certo de que, assim como em 2020, as limitações do encontro virtual não impedirão um diálogo rico — afirmou.
Na reunião de novembro do ano passado, os participantes falaram por mais tempo publicamente. Bolsonaro anunciou que revelaria "nos próximos dias" a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia e afirmou que o país sofre com "injustificáveis ataques" em relação à região amazônica, justamente de algumas nações que criticam a importação de madeira brasileira ilegal da Amazônia. Exatamente nesse momento, houve uma interrupção da fala do presidente.
— Com toda a certeza foi só uma coincidência. Quando falei da madeira da Amazônia, o sinal cai... claro que foi só uma coincidência — ironizou, sendo que minutos depois o sinal foi retomado e Bolsonaro continuou seu discurso.
Naquela ocasião, o presidente brasileiro tinha se recuperado da covid-19, contraída em julho, e sua aparência foi elogiada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.
— Você, que lidou diretamente com a doença, parece estar em boa saúde. É um modelo para todos nós — afirmou Putin.