A manutenção dos caminhões nas estradas, mesmo encerrado o Sete de Setembro, acendeu o alerta no Palácio do Planalto a ponto de o presidente da República, Jair Bolsonaro, espalhar um áudio (verdadeiro) em que pede o desbloqueio dos caminhos para que a economia não saia prejudicada.
Os caminhoneiros duvidaram. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, precisou vir a público, agora em vídeo, para esclarecer que, sim, o pedido fora feito pelo chefe do Executivo.
O ator e comediante Marcelo Adnet fez graça. Gravou uma sátira tal como se fosse o presidente pedindo que os manifestantes dançassem "macarena" enquanto protestavam a favor do governo federal. No Twitter, foram quase 30 mil curtidas.
O que está por trás do áudio do presidente aos caminhoneiros, contudo, não tem graça nenhuma. O presidente está ciente de que uma paralisação como essa tem potencial altíssimo de implodir uma economia que tem dado sinais muito ruins nos últimos dias. Após o Sete de Setembro, mostrou a colunista Giane Guerra, a crise institucional fez o dólar disparar, a bolsa despencar e o investidor fugir.
E tem mais. Nesta quinta-feira (9), o IBGE revelou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta mensal de 0,87% em agosto, puxada principalmente pelos preços dos combustíveis. Com isso, o índice chegou a 9,68% no acumulado dos últimos 12 meses. Isso mesmo, pertinho dos tão temidos dois dígitos.
Bolsonaro está ciente de que a economia é fator decisivo para tentar reverter a queda em sua popularidade e, por consequência, tem peso crucial para sua reeleição em 2022. É mais sobre o bolso do povo do que sobre o STF, é mais sobre 2022 do que sobre Alexandre de Moraes.
Inflamar apoiadores reagindo às decisões da Suprema Corte é parte do processo de consolidação de apoio junto aos seus, que demonstraram, sim, estarem dispostos a ir à rua para defender valores empunhados pelo presidente.
Mas, antes de tudo, Bolsonaro sabe como funcionam o xadrez político e o eleitor e, não à toa, está preocupado com o rumo que as coisas podem tomar.