O presidente Jair Bolsonaro disse que seu veto ao Fundo Eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado pelo Congresso se aplica apenas à parcela deste montante que excede o valor da verba destinada às campanhas dos partidos para o pleito de 2020 reajustado pela inflação.
Segundo ele, os recursos utilizados nas eleições municipais chegam a quase R$ 4 bilhões, com a correção monetária. Assim, seriam retirados cerca de R$ 2 bilhões do valor estabelecido pelos parlamentares na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O presidente alegou novamente que incorreria em crime de responsabilidade caso cortasse integralmente a verba do chamado Fundão.
— Deixar claro uma coisa, vai ser vetado o excesso do que a lei garante. A lei prevê quase R$4 bilhões. O extra de R$ 2 bilhões vai ser vetado. Se eu vetar o que está na lei, eu estou em curso de crime de responsabilidade — justificou aos apoiadores na manhã desta segunda-feira (26) na saída do Palácio da Alvorada.
Em seguida, Bolsonaro se queixou de críticas e admitiu a possibilidade de não chegar ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Pesquisas divulgadas recentemente têm revelado desgaste do governo perante o eleitorado e o crescimento das intenções de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— Espero não apanhar do pessoal como sempre. Se o pessoal começar a bater muito, vai escolher no segundo turno Lula ou Ciro (Gomes) — disse em tom de brincadeira.
O presidente também voltou a questionar a segurança das urnas eletrônicas e cobrou novamente a implementação do voto impresso para o pleito do ano que vem.
— Tá na cara que querem fraudar, de novo. Eleições democráticas são aquelas que você confirma o seu voto — disse.
Bolsonaro voltou a declarar que vai apresentar, na próxima quinta-feira (29), em uma live, que deve ser transmitida no Ministério da Justiça, provas de que houve fraudes em eleições anteriores. De acordo com o presidente, essas provas teriam sido fornecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— São três momentos que é inacreditável o que a gente vai mostrar com fotografias, de dados fornecidos pelo próprio TSE. Se bem que faltam mais dados ainda que não entregaram pra gente. Então logo a gente concluiu isso daí, que o trabalho não é fácil. Se bem que agora já da pra demonstrar claramente, até pela maneira como o ministro Barroso esta se posicionando, está esquisito — disse o presidente, voltando a criticar o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
Ainda sem provas, Bolsonaro voltou a atacar dirigentes regionais, e sugeriu que Estados e municípios tenham inflado o número de casos e mortes por covid para obter mais repasses do governo federal.
— Quantas vezes vocês já ouviram falar, ou viram vídeos, a pessoa chegou no hospital, não tinha covid, foi pra UTI de covid, porque custa R$2 mil UTI de covid. A UTI normal, R$ 1 mil reais. Então, é interesse de supernotificação — declarou o presidente.