O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid tem o dever de ouvir seu líder de governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), acusado de envolvimento no contrato firmado pelo governo federal para aquisição da vacina Covaxin contra a covid-19.
— Por que deixá-lo sangrando sem resposta? — questionou Bolsonaro, que alegou não ter nada contra o parlamentar, e que não pode afastá-lo do cargo de liderança por denúncias sem materialidade.
De acordo com o presidente, Barros continua com credibilidade para tratar de assuntos do governo junto ao parlamento.
— É impressionante que ele tenha que recorrer à Justiça para poder ser ouvido na CPI — disse Bolsonaro.
Barros tem entrado com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o colegiado escute sua defesa sobre as acusações feitas pelo deputado Luis Ricardo Miranda (DEM-DF), que disse que o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a Barros a responsabilidade por eventuais irregularidades no processo de compra do imunizante indiano.
— A honra dele é jogada na lama por pessoas que não têm qualquer credibilidade perante a opinião pública — afirmou o presidente na manhã desta quinta-feira (22), em entrevista à Rádio Banda B. — Ele é a pessoa certa para estar na CPI. E para a CPI, já que eles têm tanta convicção que o nosso governo fez coisa errada, é o momento de inquirir Ricardo Barros.
Bolsonaro afirmou que, até que se encontre alguma materialidade nas denúncias contra Barros, ele continuará exercendo o cargo de liderança em seu governo.
— Tem que ter, realmente, alguma materialidade nesta denúncia. E até que se prove o contrário, o Ricardo Barros continua no meu governo, e ele continua tendo credibilidade para tratar de assuntos nossos dentro do parlamento brasileiro.
Mandetta
Durante a entrevista, Bolsonaro manteve as críticas à CPI, e afirmou não poder perder tempo com o que chamou de "palhaçada". Bolsonaro diminuiu as críticas à sua defesa do tratamento precoce, e criticou seu ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
— A sua preocupação (do Mandetta) era comprar respiradores, comprar respiradores. Dá pra entender o que estou dizendo aqui, né? — disse o presidente, sem dar maiores detalhes sobre a que a insinuação dizia respeito.
Bolsonaro também reclamou das participações do ex-ministro na imprensa e afirmou que o orientou a "se afastar um pouquinho mais" da mídia e diminuir suas participações há apenas uma hora por dia.
— Vivia três, quatro horas por dia dando entrevista pra Globo, não trabalhava mais.