O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai garantir o ato para prorrogar o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A informação foi dada pelo presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), que conversou com o chefe do Congresso. Pacheco deve ler o requerimento que garante a prorrogação nesta quarta-feira (14).
Com isso, a CPI terá mais 90 dias de funcionamento e deve conduzir as investigações pelo menos até o fim de outubro — a contagem do prazo ainda depende do recesso formal no Congresso.
A prorrogação representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro e aumenta o desgaste do Palácio do Planalto. A comissão investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra de vacinas e já emitiu sinais de que deve apontar responsabilidade direta de Bolsonaro.
Os senadores acusam o presidente de ter cometido crime de prevaricação ao não determinar a investigação da compra da vacina Covaxin, versão negada por aliados. O prazo de funcionamento da CPI acabaria no dia 7 de agosto. Se não houver recesso formal no Congresso, porém, a comissão precisaria adiantar o término dos trabalhos para o dia 25 de julho. Com a prorrogação, o prazo será estendido até o fim de outubro.
— O presidente Rodrigo Pacheco, ontem (segunda-feira, 12), ao telefone comigo, à noite, disse que amanhã (quarta-feira) prorrogará a CPI, mas teremos uma reunião com ele, até porque temos algumas coisas para encaminhar agora no recesso que dependem da decisão do presidente Rodrigo Pacheco — disse Omar Aziz durante sessão na comissão.
Durante o recesso, os senadores querem continuar na investigação analisando documentos e realizando reuniões internas.
Pacheco vem sendo pressionado a autorizar a prorrogação da CPI por 90 dias desde o mês passado, mas insistia em tomar a decisão apenas no fim do período inicial. Para que o prazo seja prorrogado, o presidente do Senado precisa ler no plenário o requerimento assinado por senadores que solicitam a extensão do período de funcionamento. Pacheco garantiu a interlocutores que, mantido o mínimo de 27 assinaturas no pedido, fará a leitura na sessão da Casa.
O presidente do Senado acumulou insatisfações com os membros da comissões. Além de se negar a prorrogar a CPI antecipadamente, Pacheco não deu o apoio esperado pelo presidente da comissão após o ministro da Defesa, Braga Netto, e os comandantes das Forças Armadas assinarem uma carta de repúdio a Omar Aziz. Nos bastidores, Pacheco tem feito críticas ao uso da comissão como palanque eleitoral contra e a favor do governo.