- Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, fala nesta quarta-feira à CPI da Covid
- Dias foi exonerado, na semana passada, após denúncia de que teria pedido propina para autorizar a compra da vacina AstraZeneca. Ele nega a acusação
- A denúncia foi feita pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply
- Segundo Dominguetti, Dias teria cobrado US$ 1 por dose em negociação por 400 milhões de doses do imunizante
O que Ferreira Dias disse até o momento:
- Afirmou que não teve participação na negociação do contrato de compra da vacina indiana Covaxin; à CPI, o servidor Luis Ricardo Miranda citou o então diretor do ministério como um dos responsáveis pela "pressão" para que o negócio fosse agilizado
- Disse que negou um pedido do deputado Luis Miranda para um cargo a seu irmão servidor do ministério. O parlamentar atribuiu a fala do ex-funcionário da Saúde a uma estratégia do governo e afirmou que o único pedido feito por ele a Dias foi para reservar 500 mil respiradores para Brasília
- Declarou que o coronel Élcio Franco, ex-número 2 da pasta na gestão do general Eduardo Pazuello, foi quem coordenou todo o processo de negociação do governo para aquisição da Covaxin
- Negou que tenha sido indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)
- Negou que tenha pedido propina por vacinas e chamou de "picareta" o PM Luiz Dominguetti, que fez a denúncia
- Disse que o encontro com Dominguetti em um shopping de Brasília não foi marcado, que estava em um restaurante com um amigo quando o PM e o ex-assessor de Dias, coronel Blanco, apareceram e sentaram-se à mesa com eles
- Relatou que na ocasião foi mencionada a oferta de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca e disse que essa proposta já circulava pelo Ministério da Saúde
- Afirmou que já havia conversado com Cristiano Carvalho, também da Davati, sobre ofertas de imunizantes, mas que ele se apresentou como representante de outra empresa
- Omar Aziz, presidente da CPI, determinou a prisão de Dias às 17h25min. Disse que havia áudios que desmentiriam o depoente
- Os áudios estão registrados no celular do Dominguetti e foram entregues à CPI. Dois dias antes do encontro em um bar de Brasília, Dominguetti envia uma mensagem de voz a uma pessoa chamada Rafael, informando que a compra da vacina vai acontecer e que Dias assinaria a compra
- Dominguetti diz que teria um encontro com Dias para tratar da venda da vacina ao governo em dois dias, o que seria no dia 25, quando o ex-diretor do ministério se encontrou com Dominguetti em um bar
- No dia 26, Dominguetti se reúne com Dias no Ministério da Saúde e, depois, volta a enviar mensagem ao interlocutor Rafael dizendo que havia acabado de sair do encontro. No áudio, informa que Dias iria telefonar para o representante da Davati no Brasil e conversar com o CEO da empresa no mesmo dia para definir detalhes da compra
- Os áudios apresentados na CPI não são de Dias, mas fazem referência a ele
- Senadores questionam a decisão de Aziz de prender Dias. Dizem que outras pessoas também mentiram à CPI e que o presidente da comissão não aceitou os pedidos de prisão. Pedem que o plenário decida
- "Não aceito que a CPI vire chacota. Ele está preso por perjúrio. Não estamos aqui para ouvir historinha. Todo depoente que achar que pode brincar que repense", disse Aziz, ao encerrar a sessão