Após retirar o sigilo das mensagens de celular do policial Luiz Paulo Dominguetti, a CPI da Covid descobriu que o policial militar já falava em superfaturamento ao menos 17 dias antes do encontro com o diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, em 25 de fevereiro. Nesse jantar, segundo Dominguetti, Dias teria pedido ao PM propina de US$ 1 por dose de vacina.
No conteúdo das mensagens — reproduzidas por reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, exibida na noite desta terça-feira (6) —, há conversas do vendedor de vacinas com um homem identificado como coronel Romualdo, que chegou a ser citado pelo policial aos senadores durante seu depoimento no dia 1° de julho. Na ocasião, Dominguetti afirmou que Romualdo seria um coronel da Polícia Militar de Minas Gerais, a quem ele havia recorrido para que "a informação chegasse a quem de direito, que as vacinas estariam à disposição".
Conforme a reportagem, no dia 6 de fevereiro há o registro de uma ligação de Dominguetti a Romualdo, que responde: "Passei pra frente sua demanda".
Já no dia 8 de fevereiro, o coronel questiona se "aquele assunto evoluiu". O policial responde: "Parece que vamos conseguir o que é certo e justo".
Mais tarde, no mesmo dia, Dominguetti encaminha uma imagem de outra mensagem e diz: "Cmt absurdo" e "Queriam que eu superfaturado o valor da vacina para 35 dólares (sic)". "Falei que ninguém fazia".
O coronel responde: "Absurdo".
Dominguetti diz: "Tá assim lá" e "neste momento".
Ainda em 8 de fevereiro, o coronel questiona o policial: "Você me falou de um Dias no MS... Será esse?"
Romualdo envia um link de uma reportagem sobre o cancelamento da indicação de Roberto Dias para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após denúncias. Dominguetti, então, manda uma imagem de Roberto Dias e diz: "Se for este, matou a charada". Depois, confirma: "Ele quem assina as compras e contratos no ministério".
O coronel diz: "Pois é". "Pilantra".
Dominguetti responde: "Bem vamos ver que eles resolvem lá. Se depender dele. Povo morre". E completa: "Se ele não receber o dele por fora".
A produção do Jornal Nacional afirma que procurou todas as pessoas citadas na reportagem para contraponto, mas não conseguiu localizá-las ou não teve retorno delas sobre o teor das mensagens.