O presidente Jair Bolsonaro confirmou sua intenção de indicar o atual titular da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, para a vaga do ministro Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), que se aposenta nos próximos dias. Em entrevista à rádio Guaíba, nesta quarta-feira (7), Bolsonaro falou que o tema foi tratado em uma reunião ministerial realizada na terça-feira.
— É nossa intenção, sim, indicar seu André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal. Além de ele ser evangélico, que não quer dizer que seja uma virtude dele (...). Mas ele tem notório saber jurídico. Ele é um homem humano, sério, humilde, falou que não abre mão de suas convicções, respeita todo mundo, uma pessoa ideal para o Supremo — relatou o presidente.
Segundo Bolsonaro, o advogado-geral falou por 10 minutos sobre sua visão do governo e de sua convicção religiosa, levando alguns dos presentes na reunião às lágrimas.
A indicação faz com que o presidente cumpra uma de suas promessas de indicar um nome "terrivelmente evangélico" à Corte. Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília e, além da indicação do presidente, precisa ser sabatinado e aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e passar pelo plenário da Casa. Bolsonaro afirmou que uma "pitada" de religiosidade e de cristianismo dentro do STF é bem-vinda.
— Como é bom, se uma vez por semana, nessas sessões que são abertas no Supremo Tribunal Federal, começasse, com uma oração do André — disse.
Neste momento, Mendonça trabalha no Senado em busca do apoio que precisa para virar ministro do STF. Logo após a reunião no Planalto, o advogado-geral da União circulou por gabinetes do Congresso e declarou estar fazendo uma "peregrinação".
Em meio a investigações de supostas irregularidades envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19 pelo governo federal, como os imunizantes Covaxin, Bolsonaro afirmou que existem pessoas "com interesse" no Ministério da Saúde. De acordo com o presidente, o orçamento da pasta atrairia pessoas dispostas a "entrar lá e fazer besteira".
— Agora, repito, no caso da Covaxin, não compramos uma dose, nada, não pagamos um centavo. Como que é houve corrupção? Querem rotular nosso governo de corrupto, não vai colar — disse.
Segundo o presidente, os controles sobre os contratos de compra de vacinas, como as fiscalizações da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Conas da União, resultam em "praticamente zero chance de fazer corrupção".
— Com todos esses controles, foi por terra essa narrativa da CPI. Eu não sei o que passa na cabeça de Renan Calheiros, com a vida pregressa que tem, com 17 inquéritos por corrupção no STF — afirmou, em ataque ao relator da CPI.
Divulgação dos impostos
O presidente comentou ainda o valor do combustível e disse ter tratado sobre o tema com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. Na terça-feira (6), os preços médios de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras passaram a ser de R$ 2,69 e R$ 2,81 por litro, o que significa reajustes médios de R$ 0,16 (6,3%) e R$ 0,10 por litro (3,7%), respectivamente. Bolsonaro disse desejar que os valores sejam divulgados nos postos para que os motoristas verifiquem os percentuais dos impostos aplicados no valor final.
— O cidadão vai poder verificar que o preço da refinaria é tanto, o imposto federal do Jair Bolsonaro é tanto, essa diferença toda aqui é o imposto estadual, o ICMS, a margem de lucro dos postos e o valor do transporte. Para que ele possa ver onde é o abuso. Se custa, vamos supor, R$ 3 a gasolina na origem na refinaria, não pode chegar a R$ 6 na ponta da linha — afirmou.
Bolsonaro também comentou sobre a visita ao Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira e sábado:
— À convite de grupo de motociclistas e de parlamentares, Onyx Lorenzoni (titular da Secretaria-Geral da Presidência), Heinze (senador Luis Carlos Heinze), entre outros, vamos participar de um passeio de moto aí. A moto representa para nós a liberdade em duas rodas e costumo dizer que o valor mais alto de um povo é a sua liberdade.