Os primeiros aumentos de preço na gasolina (6,3%) e no diesel (3,7%) da gestão do novo presidente da Petrobras, general Joaquim Luna e Silva, ficaram bem abaixo da defasagem dos preços domésticos em relação aos internacionais, estimada em 20% para a gasolina.
Até agora, o novo presidente da estatal não havia aumentado gasolina e diesel. Preferiu reajustar outros derivados, como o asfalto, que saltou 25%, e o gás liquefeito de petróleo (GLP), que havia subido 5,9% em junho e agora teve novo aumento de 5,8%. No ano, a alta acumulada do GLP é de 38%.
O reajuste foi anunciado quando o mercado já estimava em 20% a defasagem da gasolina em relação aos preços internacionais do derivado. A Ativa Investimentos, que aplica modelo semelhante ao da paridade de preços internacional seguida pela Petrobras, é uma das que apontavam potencial de elevação de 20% no preço da gasolina vendida nas refinarias.
— Mesmo após a elevação ser efetivada, estimamos que ainda exista espaço potencial de nova elevação de até 14% por parte da Petrobras no curto prazo. Sempre informamos que as altas para mitigar a defasagem poderiam ser feitas de forma fracionada — observa Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, projeta que o impacto do aumento no IPCA, deve começar a ser observados nos últimos 10 dias de julho, com impacto proporcional neste mês e já integral em agosto.
Ao acumular defasagem em relação à paridade de preços internacional (PPI, no jargão do segmento), a Petrobras enfrenta mais um risco, a pressão extra no preço do barril de petróleo provocada pelo novo adiamento da reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Desde quinta-feira passada (1º), a Opep enfrentava divergências sobre um aumento de produção autorizado aos países-membros. Para lembrar, a Opep é um cartel que regula a produção para manipular o preço internacional: reduz o volume para elevar as cotações, aumenta quando os preços sobem muito e tornam competitivas alternativas ao petróleo, como o etanol.
O barril do petróleo do tipo brent, referência internacional usada pela Petrobras, já está cotado a US$ 76. Para lembrar, há um ano o preço para o mesmo tipo de contrato era de US$ 45. Conforme a Rystad Energy, consultoria especializada em petróleo, o adiamento formal da reunião gera incertezas, o que por si só já elevaria o preço. Sem aumento na produção — havia expectativa de liberação de 500 mil barris adicionais por dia — em momento de retomada em vários países, a pressão sobre a cotação é mais forte.