No comunicado em que informa a redução de 1,9% no valor da gasolina nas refinarias, a Petrobras inclui uma pesada compensação: aumento de quase 6% — para ser precisa, 5,9% — no valor do quilo de gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha.
A alta do GLP tem tornado os antes populares botijões de 13 quilos em produtos inacessíveis para a população mais pobre, porque o valor nas revendas já atingiu R$ 125 em Mato Grosso, na mais recente pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizada de 4 a 6 deste mês.
No Rio Grande do Sul, o preço mais alto chegou a R$ 100 nesse levantamento mais recente, com média estadual de R$ 83,67. A surpresa com o anúncio da redução na gasolina em momento de alta na cotação do petróleo — o mercado financeiro monitora pouco o GLP — fez as ações da Petrobras fecharem em baixa de 0,78% nesta sexta-feira (11).
O ano havia começado sob o temor, despertado pela Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), de que o preço do item essencial alcançasse R$ 200. Com preço do petróleo em alta, ainda que o dólar tenha se acalmado, o risco de que essa patamar seja alcançado cresceu.
Até o final de maio, o preço mais alto no país era de R$ 120, como a coluna registrou, mas subiu nas revendas antes do reajuste nas refinarias. É fácil projetar o que vai ocorrer daqui para a frente. Com nova alta, ficará ainda mais perto do valor mínimo do auxílio emergencial, de R$ 150. Relatos de famílias em que o gás termina antes do salário a cada mês são cada vez mais frequentes.
Para socorrer a camada de renda mais baixa, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, já avisou que está trabalhando com o Ministério da Cidadania para encaminhar a criação de um auxílio-gás. Segundo o ministro, o prazo para encontrar uma fórmula que beneficie apenas famílias de baixa renda iria até o final deste mês.
Em abril, outra redução no preço cobrado pela gasolina nas refinarias foi compensada com aumento ainda mais pesado, de até 25%, no asfalto.