A reunião ministerial dos 23 membros da aliança OPEP+, que engloba a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus dez aliados, foi adiada nesta segunda-feira (5), mais uma vez - disse uma fonte do cartel à AFP, acrescentando que não há uma nova data.
Inicialmente, este encontro estava marcado para acontecer na quinta-feira passada (1º).
Na pauta, consta acertar a produção de petróleo bruto da OPEP+ a partir de agosto, mas uma divergência com os Emirados Árabes Unidos vem bloqueando a negociação.
Há, porém, uma proposta na mesa: aumentar a produção de petróleo em 400 mil barris por dia a cada mês entre agosto e dezembro, ou seja, um total de 2 milhões de barris por dia no mercado até o final do ano.
O desacordo entre os Emirados Árabes Unidos e o resto da aliança diz respeito a uma questão técnica, seu volume de produção de referência.
Esse limite, estabelecido em outubro de 2018, equivale a 3,17 milhões de barris por dia (mbd) no caso de Abu Dhabi. Não reflete, portanto, a capacidade total de produção do país, que ultrapassava 3,8 mbd em abril de 2020, antes de o cartel ordenar cortes drásticos na extração de petróleo.
"É o grupo todo contra um país", disse o ministro saudita, Abdelaziz bin Salman, à Bloomberg TV, pedindo "um pouco de racionalidade e um pouco de compromisso".
Essa divergência fez fracassar a primeira rodada de reuniões na quinta-feira, e novamente na sexta-feira.
A estratégia proposta é a mesma que o cartel tem conduzido desde maio: reabrir gradativamente a torneira do petróleo depois de fechá-la no início da pandemia.
E está tendo algum sucesso porque os dois barris de referência, Brent e WTI, estão em torno de US $ 75, um aumento impressionante de 50% desde 1º de janeiro, preços que não eram vistos desde outubro de 2018.
No fechamento de Londres, o barril do Brent para entrega em setembro fechou a 77,16 dólares, alta de 1,30% em relação a sexta-feira, e o do WTI de agosto subiu 1,60%, chegando a 76,36 dólares.
Os preços do petróleo sofreram um leve choque com o anúncio do adiamento, pois uma das opções em estudo caso não se chegue a um acordo é manter em agosto um nível de produção idêntico ao de julho, o que deixaria o mercado ainda mais tenso, com risco de superaquecimento da economia.
Em abril de 2020, quando a primeira onda da covid-19 atingiu fortemente a demanda por petróleo, a aliança OPEP + prometeu retirar voluntariamente 9,7 milhões de barris por dia do mercado e reintroduzi-los gradualmente até abril de 2022.
Mas este período agora parece curto, considerando as consequências da crise. Neste mês, a aliança continua deixando 5,8 milhões de barris por dia fora do mercado.
Daí a proposta de escalonar até dezembro de 2022, opção que Abu Dhabi não aprecia.
A OPEP + também enfrenta uma situação complexa, com uma recuperação real da demanda, mas ainda frágil, além do provável retorno das exportações iranianas a médio prazo e preços elevados que causam descontentamento entre grandes importadores, como a Índia.
* AFP