A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a extensão do habeas corpus em que foi declarada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro para duas outras ações contra o petista na Operação Lava-Jato - a do sitio de Atibaia e a da sede do Instituto Lula. Os advogados alegam que as ações estiveram "sob a condução enviesada" de Moro e pedem, assim como foi decidido pela 2ª Turma do STF no caso do triplex, que todos os atos pré-processuais e processuais sejam anulados.
"Para além da mácula ao famigerado caso triplex no Guarujá, há que se reconhecer desde logo a também patente contaminação do caso sítio de Atibaia, bem como no caso envolvendo o Instituto Lula - até por que atos relevantes desses processos foram proferidos simultaneamente pelo ex-juiz Sergio Moro, cuja suspeição já foi reconhecida nestes autos. Há, inequivocamente, identidade - objetiva e subjetiva - de situação jurídica nas três ações penais a justificar a extensão da ordem de habeas corpus", registra o pedido datado da quinta-feira (1).
Os advogados do petista argumentam que seria "impossível" dissociar a suspeição de Moro das ações do sítio de Atibaia e da sede do Instituto Lula, que também foram presididas pelo ex-juiz da Lava Jato.
A defesa chega a lembrar que, no julgamento que anulou todos os atos do processo que resultou na primeira condenação de Lula na Lava-Jato, a Segunda Turma do Supremo ressalvou que a suspeição reconhecida era específica para o caso do triplex. Na ocasião, a ministra Cármen Lúcia - que deu o voto decisivo ao mudar seu posicionamento quando do primeiro julgamento - buscou restringir o entendimento à questão específica de Lula na ação do triplex.
No entanto, a defesa sustenta que, dos votos de ministros que se posicionaram contra Moro, "emerge a constatação da quebra da imparcialidade deu-se justamente em virtude da visão e do comportamento" do ex-juiz em relação ao ex-presidente. Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski teceram diversas críticas aos métodos da Lava Jato ao se pronunciarem no julgamento.
O pedido de extensão foi direcionado a Gilmar, que assumiu a relatoria do caso após seu voto divergente ser o vencedor no julgamento do último dia 23.
Um dos próximos momentos mais aguardados na análise dos casos de Lula no Supremo é o julgamento, previsto para a primeira quinzena de abril, em que o plenário do Supremo vai decidir se confirma ou não a decisão de Fachin que anulou as condenações impostas pela Lava Jato ao ex-presidente e reabilitou o petista a disputar as próximas eleições.
A cúpula da Procuradoria-Geral da República e Fachin veem espaço para o plenário da Corte revisitar o tema da suspeição de Moro no julgamento. A interligação entre os processos se dá em razão de um ponto levantado na decisão do relator da Lava Jato no STF: a ordem de arquivamento de uma série de recursos de Lula, entre eles o que pedia o reconhecimento da parcialidade do ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, com o caso passando pelo crivo dos 11 integrantes da Corte, interlocutores de Fachin avaliam que, se a decisão for mantida na íntegra pelo plenário, a suspeição de Moro também deverá ser arquivada, conforme havia sido determinado pelo ministro na sua decisão individual, antes de a Segunda Turma concluir pela suspeição do ex-juiz.