Revoltada com o que considera um comportamento imperial do governador de São Paulo, João Doria, parte da bancada federal do PSDB desembarca em Porto Alegre nesta quinta-feira (11) para cobrar maior projeção nacional do governador Eduardo Leite. O grupo irá almoçar com Leite e discutir como o gaúcho pode ser uma alternativa tucana à sucessão do presidente Jair Bolsonaro.
O encontro já vinha sendo organizado há duas semanas, mas a pauta ficou ainda mais candente nos últimos dias e ganhou o reforço de parlamentares de outros Estados. A ideia é demonstrar insatisfação da bancada à forma como Doria organiza sua candidatura ao Palácio do Planalto. Dos 31 deputados federais do PSDB, mais de 10 são esperados em Porto Alegre.
Os deputados não gostaram de ficar sabendo pela imprensa que o governador convidou Rodrigo Maia (DEM-RJ) para ingressar no partido, nem de ele ter ressuscitado as polêmicas em torno de Aécio Neves (MG). Em recente jantar com expoentes do partido, Doria voltou a defender o afastamento de Aécio, atribuindo ao mineiro a aproximação dos tucanos com Bolsonaro. O movimento ficou explícito durante a eleição para presidente da Câmara, quando Aécio cabalou votos em favor do vitorioso Arthur Lira (PP-AL).
Em seguida, Doria também manifestou o desejo de assumir a presidência do partido e disse que os insatisfeitos deveriam procurar abrigo em outra legenda. O mandato do atual presidente, Bruno Araújo, se encerra em maio.
As declarações enfureceram parte da bancada. No grupo de WhatApp mantidos pelos deputados, proliferam críticas ao governador, sobretudo ao atropelo com que tenta fazer valer suas intenções.
- Se o governador de São Paulo critica tanto a forma e o modus operandi do presidente da República, tem de se olhar no espelho e ver como ele próprio se comporta no partido – reclama o deputado Daniel Trzeciak (RS).
No almoço, marcado para o meio-dia, no Palácio Piratini, os tucanos querem perguntar a Leite quais seus planos para a próxima eleição e se podem contar com ele como alternativa à candidatura de Doria. Leite já manifestou publicamente que estará à disposição do partido em 2022 e assegurou que não pretende concorrer à reeleição. Eles devem também pedir que o governador se exponha mais no cenário nacional, ocupando espaços na mídia e construindo pontes no partido que assegurem maior competitividade interna. Antes mesmo do almoço, a confusão tucana já interferiu na agenda do governador, que tem entrevistas marcadas para veículos nacionais como a CNN e o jornal O Globo.