Neste domingo (15), os eleitores de Porto Alegre vão escolher o próximo prefeito ou prefeita. Mas, para além das teclas numéricas escolhidas na urna eletrônica, o que estes votantes esperam da próxima administração? Pensando nisso, o Diário Gaúcho convidou eleitores de várias regiões da cidade para responder à pergunta: “O que você espera do(a) próximo(a) prefeito(a)?”.
Em um ano eleitoral marcado pela chaga de uma pandemia que ainda impõe suas restrições sobre Porto Alegre, temas como o combate ao desemprego e a retomada da educação foram destaque. Mas diversidade, respeito às diferenças de crença e sexualidade, além de maiores investimentos em segurança e áreas públicas, também tiveram vez entre a fala dos eleitores. Outro tema constante entre as exigências para escolha do próximo mandatário de Porto Alegre foi a valorização da cultura, principalmente, fora das regiões centrais. O pedido dos votantes é que a prefeitura olhe para as comunidades e valorize os talentos e projetos que surgem destes locais.
Quando circulava pelo Centro Histórico e foi abordada pela reportagem, Marilda Silva Borges, 20 anos, havia acabado de sair da agência do Sine, distante poucos minutos de caminhada do Paço Municipal. Em um ano onde muitos perderam os postos que ocupam, a jovem nada contra a maré para tentar conseguir o seu primeiro emprego. Os deslocamentos do bairro Agronomia até o Centro viraram constantes. E, por isso, na hora de escolher em quem votar, ela vai levar em conta postulantes ao cargo que valorizem iniciativas de inserção de jovens no mercado de trabalho.
– Espero da próxima administração programas que tragam mais oportunidades de emprego, principalmente para quem ainda não tem experiência, como eu – deseja Marilda.
Na mesma linha do foco na recuperação do trabalho, a servidora pública aposentada Maria Inês Cunha, 54 anos, espera uma prefeitura que trabalhe para gerar empregos diretos e indiretos. Mas, também chama atenção para a necessidade de investimentos para melhorar a acessibilidade em áreas públicas de Porto Alegre.
– É importante criar leis de incentivo a micro e pequenas empresas, que geram muitos empregos diretos e indiretos – aponta Maria.
Para o barista Everton Luís Severo da Silva, 30 anos, sua escolha de voto terá influência dos planos para a educação de cada candidato. Ele espera que o vencedor ou vencedora tenha um robusto plano de recuperação das aulas perdidas em 2020 em razão da pandemia:
– É preciso ter uma estratégia bem feita para a volta às aulas no pós-covid, focando no preparo dos alunos para o futuro, diante desse período que eles perderam neste ano.
Foco na educação
Líder comunitário na Restinga, José Ventura, 64 anos, fala sobre a necessidade de foco na educação, mas também ressalta a importância da valorização de projetos culturais da periferia da cidade, assim como das áreas públicas destas regiões.
Além disso, Ventura pede uma atenção especial para áreas de preservação ambiental que estão sendo invadidas, gerando risco não só para estas regiões, mas para as próprias famílias que ocupam os espaços, não adequados para moradia.
– É preciso olhar para a cultura de periferia, abrindo editais para que os artistas locais possam ter um subsídio e se manter com as atividades em suas comunidades de origem.
O taxista Hélio Fernando Pontes, 60 anos, conhece muito bem cada canto da Capital. Por isso, seu pedido tem ligação com sua área de trabalho. Ele quer que a próxima administração dê mais atenção à malha viária da cidade, com melhorias em regiões que precisam de pavimentação.
– Para uma capital como Porto Alegre, é preciso diminuir a quantidade de buracos que ainda encontramos pelas ruas. Cuidar desse tipo de infraestrutura é essencial – aponta.
Para Marcos Vinicius Cruz da Silva, 29 anos, além de uma retomada forte na educação, para recuperar o tempo perdido em 2020, a próxima administração da Capital precisa voltar os olhos para a cultura e para a diversidade. O vigilante que mora no bairro Partenon pede políticas públicas que prezem pelo respeito às diferenças entre crenças, raças e orientação sexual, por exemplo.
– É preciso combater todo tipo de discriminação, principalmente, contra religiões de matriz africana – diz Marcos.
O motorista Bruno Eduardo de Moraes Silveira, 25 anos, segue na mesma linha de raciocínio.
Ele conta que, para além do que todo cidadão espera do próximo prefeito ou prefeita, como os investimentos em educação, saúde e segurança, o seu voto será para uma administração favorável à diversidade:
– Seja na religião, na sexualidade, na cultura das comunidades, já basta de preconceito e intolerância.
“Criar leis de incentivo a micro e pequenas empresas, que criam empregos diretos e indiretos.”
“Ter uma estratégia para recuperação das aulas perdidas em 2020 em razão da pandemia.”
“Valorizar os projetos culturais da periferia na cidade.”
“Criar e incentivar campanhas de defesa e respeito às diferenças culturais.”
“Respeitar a diversidade, principalmente, de religiões e de sexualidade.”
“Criar programas que apoiem jovens na busca do seu primeiro emprego.”