Flagrado com R$ 30 mil escondidos na cueca, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) — que era vice-líder do governo na Casa até quinta-feira (15) — terá que enfrentar os colegas de parlamento nos próximos dias.
Senadores, entre eles o gaúcho Lasier Martins (Podemos), vão apresentar requerimento ao Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Em plenário, será analisada ainda a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso que determinou o afastamento do parlamentar roraimense por 90 dias.
O senador Luís Carlos Heinze (PP) é taxativo ao dizer que vai votar pela cassação do mandato de Chico Rodrigues.
— Meu voto é pela cassação. Já votei até para cassar o presidente do meu partido, o Pedro Côrrea, lá atrás, na Câmara. A gente tem que moralizar. O Senado tem mantido linhas e ações de combate à corrupção. Se for para o plenário, (já que) não faço parte do Conselho de Ética, eu já tenho minha posição.
Lasier também defende a cassação, caso os fatos sejam confirmados. O senador lembra que, na próxima semana, os parlamentares estarão em Brasília para as sabatinas de indicados ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao STF e que, por isso, o Conselho de Ética poderia se reunir.
— O Supremo fez o que tinha que fazer. Se há um suspeito de uma grave infração de desvio público destinado à saúde em Roraima, isso precisa ser investigado. O ministro Barroso, que determinou o afastamento por 90 dias, o fez em nome da ordem pública para que haja essa investigação. É a hora de se reunir o Conselho de Ética para analisar o caso.
Já o petista Paulo Paim defende que a decisão do ministro Barroso seja cumprida e destaca que o caso é grave:
— Quando as decisões do STF eram sobre atos da oposição ao governo Bolsonaro, sempre defendi que teriam que ser cumpridas, goste ou não os envolvidos. Tudo indica que este é um processo que vai longe. Só espero que prevaleça a Justiça sobre todos os fatos. A denúncia é grave, cabe agora à Comissão de Ética do Senado se pronunciar.
Alcolumbre mantém silêncio
A decisão de Barroso, contudo, desagradou alguns parlamentares. Para parte dos senadores, o afastamento deveria caber ao Senado, via Conselho de Ética, e não ao STF.
Outro ponto que tem chamado a atenção é o silêncio do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, que é do Democratas — mesmo partido de Chico Rodrigues. Lasier Martins destaca que a pressão está forte, e que Alcolumbre precisa ser célere na análise do caso.
— Alcolumbre terá que ser célere a partir da próxima semana, pois as cobranças serão fortes. Primeiro, submeter ao plenário a confirmação ou rejeição do afastamento do senador Chico. Depois, acatar representação ao Conselho de Ética por quebra de decoro, medida com a qual já estamos ingressando. Defendo ainda que o voto seja aberto para confirmação ou não do afastamento do senador.
A única manifestação da presidência do Senado veio por nota, de poucas linhas, em que afirma que a decisão do ministro Barroso ainda não chegou ao Senado e que Alcolumbre aguarda ser comunicado, ter conhecimento da íntegra do documento, antes de adotar qualquer medida.