Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira (16), o presidente da República Jair Bolsonaro afirmou que o caso do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 30 mil na cueca e afastado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Rodrigues era vice-líder do governo no Senado até o início da tarde, quando pediu para deixar a função.
— Esse caso não tem nada a ver com o meu governo. Meu governo são os ministros, as estatais e os bancos oficiais. Nunca vi ninguém falar nada contra ele. Aconteceu esse caso? Lamento — declarou Bolsonaro, afirmando que o senador tem "o prestígio e o carinho de quase todos".
Mais cedo, a simpatizantes, Bolsonaro chegou a dizer que o mau uso do dinheiro público "não é muito raro", mas repetiu que não há corrupção no governo. Chico Rodrigues, porém, é um dos articuladores políticos do Palácio do Planalto no Congresso. Léo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, trabalhava no gabinete do senador até esta quinta, quando pediu demissão.
O presidente também repetiu a afirmação de que a Lava-Jato "não funcionou" para o seu governo porque, segundo ele, não haveria corrupção na sua administração. Ele completou dizendo que para o Brasil a operação anticorrupção teria função e, "com toda certeza", haverá novos desdobramentos até o fim do ano.
Na semana passada, Bolsonaro declarou, em evento no Palácio do Planalto, que a operação Lava-Jato havia "acabado" porque não há corrupção em seu governo. Ontem, para apoiadores, o mandatário reforçou a fala e afirmou que daria uma "voadora no pescoço" de quem se envolvesse em casos de corrupção no seu governo.
Ao lado do ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, Bolsonaro sustentou que tenta "fechar os ralos da corrupção que possam estar acontecendo". Ele alegou que não é fácil combater a corrupção porque ela está, na visão do presidente, "enraizada".
Caso André do Rap
Mendonça aproveitou para comentar o caso do traficante André do Rap, solto por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois derrubada pelo presidente da Corte, Luiz Fux. Hoje, o plenário do Supremo referendou o ato de Fux por nove votos a um. Segundo o ministro da Justiça, o fato de que o pacote anticrime determina reanálise de prisões preventivas a cada 90 dias não significa que o preso deve ser automaticamente solto ao fim desse prazo.
Bolsonaro acrescentou que jamais colocaria, nas suas palavras, "um elemento como este" em liberdade. Em outro momento, em conversa com apoiadores, o presidente disse que seria "falta de caráter" o vincular ao caso.
— Tudo botam na minha conta. O ministro Marco Aurélio entendeu que, de acordo com aquela lei, ele devia ser posto em liberdade. Agora de tarde, nove ministros entenderam completamente o contrário", disse o presidente sobre as decisões do STF. Por causa de um tremendo de um marginal, de altíssima periculosidade, alguns órgãos de imprensa me acusam por ter sancionado a lei. Não tem cabimento — disse.
Além de tentar o tempo todo se desvincular do caso envolvendo Rodrigues, o presidente também sustentou na live desta quinta-feira (15) que a investigação em curso no âmbito do STF sobre suposta tentativa de interferência dele na Polícia Federal não teria encontrado provas de que ele teria agido irregularmente. O inquérito foi aberto após acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Apesar de falar de Moro com irritação ao abordar esse caso, Bolsonaro afirmou em outro momento da transmissão que o ex-juiz federal "foi brilhante" ao coordenar a transferência de lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) do Estado de São Paulo para presídios federais.