Um dia após dizer que a Constituição deixa o Brasil "ingovernável", o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), disse que vai enviar "imediatamente" um projeto de decreto legislativo (PDC) para a realização de um plebiscito sobre a elaboração de uma nova Carta Magna.
Segundo o parlamentar, ele já tem um texto pronto, que precisa apenas de ajustes nas datas propostas para a realização da consulta popular. A ideia inicial era que o plebiscito fosse feito nas eleições municipais deste ano para, em 2022, ser aberta uma Assembleia Constituinte.
Barros disse que não teve apoio de lideranças quando elaborou o projeto, mas que a receptividade à sua ideia o motivou a apresentar o projeto.
— Fiz uma provocação sobre a Constituição, o que as pessoas pensavam da nossa Constituição. Agora estou motivado diante de tantos apoiamentos que recebi — disse Barros nesta terça-feira (27), após participar de evento na Base Aérea de Brasília sobre os novos jatos da Força Aérea Brasileira (FAB).
O líder do governo defendeu a realização de um plebiscito sob o argumento de que a Carta Magna transformou o Brasil em um "país ingovernável". Barros citou como exemplo o Chile, que foi às urnas no domingo (25) e definiu que uma nova Assembleia Constituinte deverá ser eleita para a criação de uma nova Constituição para o país.
— Eu pessoalmente defendo uma nova Assembleia Nacional Constituinte, acho que devemos fazer um plebiscito, como fez o Chile, para que possamos refazer a Carta Magna e escrever muitas vezes nela a palavra deveres, porque a nossa carta só tem direitos e é preciso que o cidadão tenha deveres com a nação — disse Barros.
A ideia já havia sido levantada pelo deputado em um evento organizado pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst) e recebeu críticas de autoridades como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Barros disse ainda que a Constituição tornou "o poder fiscalizador muito maior que os demais" e, por isso, seria necessário também "equilibrar os Poderes" no país. O deputado, que é alvo de investigações do Ministério Público Federal, diz que é preciso punir quem apresentar denúncias sem prova.
Barros negou que a proposta da elaboração de uma nova Constituição tenha o aval do presidente Jair Bolsonaro:
— Eu fui claro. Eu disse "eu pessoalmente defendo". Então, não consultei o governo e não falei em nome do governo. Portanto, ninguém do governo me abordou.