Mais de dois terços dos chilenos votaram pela redação de uma nova constituição para o país, de acordo com o serviço eleitoral que apurou mais de 97% das urnas do plebiscito realizado neste domingo (25). Dos 7,3 milhões de votos contabilizados, 78% eram favoráveis a uma nova constituição no Chile e menos de 21,7% eram contra.
A forma de se fazer a nova constituição também foi posta em questionamento. Resultados preliminares mostram 79% de votos favoráveis à elaboração de um novo texto por um grupo de 155 cidadãos eleitos apenas para esse propósito. Já 20,76% votaram pela redação da lei por um grupo de 172 pessoas - divididas igualmente entre delegados eleitos e parlamentares.
Entre os 60 mil chilenos que vivem fora do país, o voto foi de 86% por uma nova constituição e 13% contra. Cerca de 15 milhões de chilenos estavam aptos a votar e a participação era voluntária. O resultado do referendo é vinculativo, ou seja, deve ser respeitado.
A votação estava inicialmente marcada para abril, mas foi adiada em virtude da pandemia do coronavírus. O governo conservador do país concordou com a oposição de centro-esquerda em permitir o plebiscito após a eclosão de vastos protestos de rua realizados há um ano.
Em discurso após a votação, o presidente Sebastián Piñera, que se opôs a uma nova Carta Magna, reconheceu o resultado, mas advertiu que é apenas o início de um longo processo.
- Este plebiscito não é o fim. É o início de um caminho que devemos percorrer juntos para chegar a um acordo sobre uma nova constituição para o Chile - afirmou, enquanto milhares de chilenos comemoravam o resultado nas praças de Santiago.
Após a aprovação da medida, uma convenção especial começará a redigir uma nova constituição que será submetida ao voto em 2022. A constituição atual do Chile foi feita durante o governo ditatorial de Augusto Pinochet, e foi colocada em votação num período em que partidos políticos haviam sido banidos e o país estava sujeito a censura pesada.