A cúpula do PSB gaúcho deve levar às instâncias máximas partidárias a postura do deputado estadual Dalciso Oliveira sobre reajuste do salário mínimo regional, caso o parlamentar não reveja a sua posição sobre essa pauta histórica da legenda. Contrariando a orientação do partido, Dalciso Oliveira produziu um relatório contrário ao reajuste do salário mínimo gaúcho em 2020, provocando uma série de críticas entre dirigentes e militantes do Partido Socialista Brasileiro.
— Vamos ter que levar para as instâncias partidárias, porque fomos todos tomados de surpresa com esse parecer. E o deputado Dalciso não pode passar por cima da orientação partidária e fazer um parecer totalmente contrário a uma construção de duas décadas. É um princípio do PSB que o trabalhador mais humilde tenha um pouquinho mais de valorização. Agora, o deputado pode refazer o parecer ou, em não refazendo, talvez a gente tenha que levar o tema para a executiva, para o diretório, e cada partido tem suas ferramentas de aconselhamento e punição, não cabe a mim fazer isso — avalia o deputado Heitor Schuch, vice-presidente estadual do PSB.
A primeira reação pública sobre o tema começou com uma nota do movimento sindical do PSB, ainda nesta terça (22). No texto, o Sindicalismo Socialista Brasileiro (SSB-PSB) pede que Dalciso “revise seu parecer” na Comissão de Economia da Assembleia e fala em “afronta aos princípios construídos em mais de 70 anos do partido”. O movimento também cita trecho do estatuto interno do PSB que prevê punições, desde a advertência escrita à expulsão.
GZH tentou contato com o presidente em exercício do PSB gaúcho, Mario Bruck, mas não obteve resposta.
Autor do polêmico relatório, Dalciso diz que é contra o reajuste em 2020 por conta da crise causada pela pandemia. Na avaliação dele, o reajuste do salário mínimo pode agravar o desemprego no Rio Grande do Sul e levar ao fechamento de empresas.
— A gente ouviu dezenas de pessoas e instituições para produzir o relatório. As pessoas estão com medo de perder seu emprego, de não conseguir outro emprego. Por outro lado, quem emprega está com medo de fechar seus negócios. Este momento é diferencial, estamos em um Estado pandêmico. Em 2021 a gente volta a conversar (sobre reajuste). Não sei porque criaram toda essa polêmica — argumenta Dalciso Oliveira.
Nesta quarta (23), estava prevista a votação do relatório de Dalciso na Comissão de Economia da Assembleia. Contudo, por um requerimento do deputado Pepe Vargas (PT), o projeto de reajuste do mínimo regional foi retirado da Comissão e deixado à disposição dos líderes da Assembleia para que seja levado à votação em plenário.
Antes de chegar à Comissão de Economia, o projeto passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde recebeu parecer favorável do líder do governo, deputado Frederico Antunes (PP).