Em substituição ao tradicional desfile do Dia da Independência, o presidente Jair Bolsonaro participará na manhã desta segunda-feira (7) de um evento fechado no Palácio da Alvorada. A versão enxuta da cerimônia deve ter o hasteamento da Bandeira Nacional e uma breve apresentação da Esquadrilha da Fumaça por cerca de 10 minutos.
À noite, Bolsonaro planeja um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. Para o evento da manhã, às 10h, em frente ao Alvorada, foram convidadas algumas das principais autoridades de Brasília, como os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, além de ministros de Estado.
Após o desentendimento entre Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se tornar explícito na última semana, o presidente da Câmara optou por não comparecer à celebração no Palácio da Alvorada. Segundo a assessoria de Maia, ele embarcou para o Rio nesta sexta-feira (4) e só deve retornar à capital federal nesta segunda (7), no fim do dia. No ano passado, ele também não compareceu ao desfile do Sete de Setembro porque estava em viagem ao Catar.
De acordo com a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), a solenidade é restrita a autoridades convidadas e imprensa. Há um mês, o Ministério da Defesa determinou o cancelamento do desfile, que comemora o 198º aniversário da Proclamação da Independência.
Na portaria, a pasta destacou que, em razão da pandemia da covid-19, não é recomendável pelas autoridades sanitárias "a promoção de eventos que possam gerar aglomerações de público, devido ao risco de contaminação". "As condições atuais indicam que tal recomendação deva ainda vigorar durante o mês de setembro, abrangendo, assim, o período de celebração do 198º Aniversário da Proclamação da Independência do Brasil", afirma o documento.
Ano passado
Em 2019, Bolsonaro usou a data de 7 de setembro para tentar melhorar a imagem e reagir a pesquisas que mostravam um aumento na reprovação da gestão. Na véspera, ele conclamou as pessoas a saírem de verde e amarelo nas ruas, numa demonstração de apoio ao governo e ao que chamou de "patriotismo".
Bolsonaro acompanhou o tradicional desfile do Dia da Independência na Esplanada dos Ministérios, ao lado do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo, e o dono do SBT e apresentador, Silvio Santos. Também estiveram presentes no palanque presencial os empresários Marcelo de Carvalho, apresentador e vice-presidente da RedeTV!, e Luciano Hang, dono da Havan.
O evento foi marcado pela quebra de protocolo por Bolsonaro, que desceu do palanque presidencial e percorreu a Esplanada dos Ministérios acompanhado de seguranças e ministros, o que pegou os agentes de surpresa. Em diversos momentos, o presidente caminhou abraçado ao então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Bolsonaro e Moro cumprimentaram o público, que respondia aos gritos de "mito" e "Moro". Hoje, eles são investigados em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o chefe do Executivo tentou interferir politicamente na Polícia Federal (PF). O ex-juiz federal saiu do governo em abril e levantou uma série de acusações contra Bolsonaro.