Não teve caminhada à beira da praia do Laranjal, chimarrão nos canteiros da Avenida Dom Joaquim e visita à feira de artesanato da Avenida Bento Gonçalves. O domingo de Dia dos Pais exibiu uma Pelotas deserta em cumprimento ao lockdown decretado pela prefeita Paula Mascarenhas.
Desde as 20h de sábado, estava proibido até mesmo sair às ruas, a pé ou de carro, sem justificativa. A restrição acabou derrubada pelo Tribunal de Justiça do Estado neste domingo (9). Na véspera, o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen havia ingressado com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), solicitando a retirada do decreto dos artigos referentes ao lockdown. A liminar foi concedida às 15h43min pelo presidente do TJ, desembargador Voltaire de Lima Moraes.
Em nota, Paula declarou que irá cumprir a decisão sem recorrer. Todavia, a prefeita disse que o lockdown continua, pois seguem válidas as restrições à atividade econômica e à presença de pessoas em locais públicos, como praças, praias e parques. “O alto índice de hospitalização no município, o qual é referência em saúde para toda a região Sul, justifica as medidas restritivas e a decretação de calamidade pública”, diz o comunicado oficial do município.
O lockdown termina ao meio-dia de terça-feira (11) e tem o objetivo de reduzir a pressão sobre o sistema local de saúde. Com 306 mil habitantes, Pelotas convive com uma ocupação das UTIs beirando os 90% e já registrou 34 mortes por covid-19.
— Ninguém quer fazer isso, fechar praticamente a cidade inteira, mas é para conscientizar as pessoas. Nós tínhamos, em média, 70% de adesão à quarentena, e, nas últimas semanas, ficamos entre 38% a 45% — comenta a prefeita.
Para evitar prejuízos ainda maiores ao comércio às vésperas do Dia dos Pais, Paula permitiu a abertura de lojas até as 20h de sábado e estendeu o lockdown até a terça-feira. Somente serviços essenciais e de urgência foram autorizados a funcionar. Neste domingo, nem mesmo os postos de combustíveis abriram. O transporte coletivo e os supermercados também foram forçados a parar.
O resultado foi um cenário de cidade fantasma. Dos bairros da periferia às largas avenidas do Centro, toda paisagem era desabitada. Nas praças, sumiram os moradores de rua e ambulantes. Até as 8h de domingo, apenas cinco multas haviam sido aplicadas, por descumprimento do bloqueio e do uso obrigatório de máscara.
A fiscalização começou pontualmente às 20h de sábado. Equipes da Guarda Municipal, da Brigada Militar (BM), da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e agentes de trânsito se espalharam pela cidade, reforçando o alerta de quarentena. A BM mobilizou também mobilizou policiais à paisana. Foram montadas barreiras nas vias de maior circulação, como as avenidas Bento Gonçalves, Duque de Caxias e Fernando Osório. Todos os veículos eram abordados e os motoristas precisavam justificar os motivos para estar na rua. Para o secretário municipal de Segurança Pública, Samuel Ongaratto, o bloqueio surtiu efeito.
— A população entendeu que deveria se resguardar, ficar em casa, a cidade estava completamente parada — avaliou.