O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que a fala do presidente Jair Bolsonaro – de querer agredir um repórter – não deverá influenciar o relacionamento do presidente com os parlamentares da Câmara.
— Conhecemos Bolsonaro há 28 anos, ele sempre foi assim e não vai mudar — disse Barros em entrevista.
No domingo (23), Bolsonaro disse ter "vontade de encher de porrada" a boca de um repórter do jornal O Globo, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, após o jornalista questioná-lo sobre os repasses de R$ 89 mil do ex-assessor Fabrício Queiroz para sua esposa, Michelle Bolsonaro.
Segundo Barros, a fala de Bolsonaro não foi uma ameaça.
— Ele falou que "gostaria de" e não "vou fazer". É um pensamento que ele externou que certamente não precisaria ter externado — defendeu o parlamentar.
De acordo com Barros, "agora todas as entidades se manifestam, o que é uma bobagem. Uma tentativa de fazer o mosquito virar um elefante. O Brasil não precisa disso, precisa de andar e prosperar".
Judiciário e Ministério Público "fora da casinha"
Durante a mesma entrevista, Barros também afirmou que o Judiciário e o Ministério Público "estão muito fora da casinha" e que dedica seu mandato como deputado a "enquadrá-los". Ele disse que "a força-tarefa da Operação Lava-Jato desesperadamente quer esconder do procurador-geral da República Augusto Aras os seus métodos".
Aras deve decidir até setembro o futuro da força-tarefa da Lava-Jato, mas já apontou que pretende impor uma "correção de rumos" com a adoção de um novo modelo de investigação, sem métodos "personalistas" nem "caixas-pretas".
— Foi excelente o resultado da Lava-Jato no combate à corrupção. Não tenho dúvida disso. Mas o combate ao crime foi feito cometendo crimes? É essa a pergunta a qual a sociedade quer resposta — disse Barros.
Centrão
Ricardo Barros afirmou, ainda, que a aproximação de Bolsonaro com parlamentares do Congresso, em especial do Centrão, não é um "toma lá dá cá", uma das práticas que Bolsonaro prometeu, durante a campanha de 2018, acabar. Segundo Barros, o presidencialismo de coalizão está previsto na Constituição.
Bolsonaro tem se aproximado do Centrão, com gestos como o da própria nomeação de Barros, na última terça-feira (18), para assumir a liderança do governo no lugar do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Barros afirmou que "mudou o discurso de campanha, que foi feita dentro de uma lógica de mudança". Na avaliação do deputado, tanto o presidente quanto os parlamentares amadureceram.