Infectado com coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com pelo menos 54 pessoas, fez duas viagens oficiais e participou de ao menos três cerimônias no Palácio do Planalto nas duas últimas semanas. De acordo com cientistas, o período de incubação do vírus pode variar de dois a até 14 dias. Boa parte das pessoas que mantiveram contato com o presidente já está sendo submetida a testes, sobretudo na cúpula do governo.
O levantamento foi feito a partir de uma análise da agenda oficial da Presidência e de compromissos privados de Bolsonaro, mas ainda assim não reflete a real quantidade de pessoas com quem ele manteve contato. Isso porque o presidente esteve Santa Catarina, sábado (4), vistoriando os estragos causados pelo ciclone-bomba, participou de um almoço na embaixada dos Estados Unidos no mesmo dia e ofereceu um almoço a empresários na sexta-feira (3), eventos nos quais a maioria dos participantes não foi possível rastrear.
Dentre os convivas de Bolsonaro desde 23 de junho, a maior parte é formada por integrantes dos escalões superiores do governo. Foram 28 ministros, presidentes de bancos, de estatais e secretários recebidos no período, com destaque para os auxiliares com assento no Palácio do Planalto.
Quem mais esteve com o presidente foi o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira. Amigo pessoal da família Bolsonaro e cotado para uma das vagas a serem abertas no Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi recebido em oito dias sucessivos. O chefe da Casa Civil, Braga Neto, e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, vêm logo em seguida, com agendas no gabinete presidencial em sete e seis dias, respectivamente.
Dos inquilinos da Esplanada, a presença mais assídua foi a do ministro da Economia, Paulo Guedes, com audiência em cinco dias. Ministro-interino da Saúde, Eduardo Pazuello, não manteve audiências oficiais com Bolsonaro no período.
O presidente recebeu ao menos nove parlamentares, entre eles os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Eles também participaram de uma cerimônia pública realizada no Planalto, para prorrogação do pagamento do auxílio-emergencial de R$ 600. Neste dia, 30 de junho, Bolsonaro manteve sua agenda mais intensa, recebendo ao menos 20 pessoas diferentes em seu gabinete.
O evento com maior participação de agentes de fora da política, contudo, ocorreu na última sexta-feira (3), quando o presidente ofereceu um almoço a empresários e industriais. Ao menos nove representantes do PIB nacional estiveram com Bolsonaro, entre eles os executivos Luiz Trabucco, do Bradesco, Fernando Gomes, da Embraer, e Lorival Luz, da Brasil Foods.
O presidente também havia se reunido antes por pelo menos duas vezes com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley. Num dos seus últimos compromissos antes de apresentar os sintomas da covid-19, Bolsonaro almoçou sábado com o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapmann. Submetido a teste, o diplomata testou negativo.