Fabrício Queiroz, policial aposentado e ex-assessor de Flávio Bolsonaro, foi preso em 18 de junho em Atibaia, no interior de São Paulo. A operação da Polícia Civil e do Ministério Público (MP) é um desdobramento da investigação que apura o suposto esquema de "rachadinha", no qual assessores do filho do presidente teriam sido obrigados a devolver parte dos salários durante mandato dele como deputado estadual do Rio de Janeiro.
As denúncias vieram à tona quando um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que Queiroz fez movimentações de dinheiro atípicas entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Relembre o caso:
2018
- Um relatório do Coaf , divulgado no fim do ano, identificou movimentação suspeita de quantias por Queiroz. Conforme documento, entre janeiro de 2016 e o mesmo mês do ano seguinte, o ex-assessor movimentou R$ 1,2 milhão. O Conselho classificou essas movimentações como "transações incompatíveis com o patrimônio, atividade econômica ou ocupação profissional" de Queiroz.
- As suspeitas foram reforçadas pelo fato de Queiroz ter feito saques em dinheiro vivo em datas próximas ao pagamento dos servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Flávio Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que não havia feito nada de errado.
- Também foi apontado que, em 2016, o policial aposentado depositou R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro. O presidente da República alegou que o valor fazia parte do pagamento por um empréstimo feito ao funcionário, no valor total de R$ 40 mil.
- Chamado para prestar depoimento no MP do Rio, em 19 de dezembro, Queiroz não compareceu. Sua defesa alegou "inesperado problema de saúde". Em novo depoimento, marcado para o dia 21, o ex-assessor também não apareceu.
- Em 26 de dezembro, Queiroz deu uma entrevista para o SBT explicando a origem da movimentação do dinheiro. Ele se disse um homem de negócios, que trabalhava com compra e revenda de carros.
2019
- Em 14 de janeiro, foi determinado que o Ministério Público poderia oferecer denúncia mesmo sem que Flávio e Queiroz tivessem prestado depoimento. Três dias depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux suspendeu as investigações, atendendo a um pedido do filho do presidente da República.
- Em fevereiro, o ministro Marco Aurelio Mello autorizou o prosseguimento das investigações. Em julho, novamente, o STF suspendeu as investigações a pedido do filho do presidente. A suspensão, determinada pelo ministro Dias Toffoli, também beneficiou Queiroz, apontado como o operador da "caixinha" do gabinete.
- Em outubro, um áudio de WhatsApp mostrou que, mesmo exonerado do gabinete do filho do presidente, Queiroz continuou sendo consultado sobre cargos no Legislativo. No fim do ano, o MP do Rio comandou uma operação em endereços ligados a Queiroz. Na época, ele se manifestou dizendo que recebia a ação "com tranquilidade e, ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente desnecessária".
- Em 6 de dezembro, após a revisão da decisão pelo Supremo, o MP retomou as investigações, dessa vez, com foco em Flávio Bolsonaro.
2020
- Na manhã do dia 18 de junho, Fabrício Queiroz é preso em Atibaia, no interior de São Paulo.
- Em 9 de julho, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, decidiu colocar o ex-assessor em prisão domiciliar. Noronha atendeu pedido da defesa que argumentou estado de saúde crítico de Queiroz ao pedir habeas corpus.
- No dia 13 de agosto, o ministro Felix Fischer, do STJ, revogou a prisão domiciliar de Queiroz e da esposa, Márcia de Aguiar. Assim, ficou determinado que os dois ficam detidos em regime fechado.