A Operação Camilo, que apura desvio de recursos públicos na área da saúde, deflagrada nesta quarta-feira (27), foi diferente de todas as outras já realizadas até hoje pela Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul. Houve o uso de protocolo de segurança para o cumprimento dos mandados, em razão da pandemia de coronavírus.
Os detalhes da operação foram definidos há 15 dias, em reunião com os demais órgãos que participaram: Ministério Público do RS (MP), Ministério Público Federal (MPF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Bandeiras de risco
Assim como o governo do Estado, os investigadores utilizaram as cores de bandeiras para definir o grau de risco sanitário e os equipamentos necessários para o cumprimento dos 61 mandados de busca e apreensão e os 15 de prisão, nos 17 municípios dos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Para casos com menos risco, os agentes públicos tinham como base a bandeira amarela. Nesses locais, utilizavam máscaras, luvas, óculos e álcool gel. Para locais com bandeira laranja – que envolviam profissionais da saúde ou quem a investigação suspeitasse que pudesse ter contato com alguém contaminado –, estava incluída, além dos itens da bandeira amarela, a máscara N95, que é mais segura.
A bandeira vermelha, para local de maior risco, foi definida para cumprimento dos mandados no Hospital de Rio Pardo. Neste caso, os investigadores usaram máscaras N95 e face shield, luvas, óculos e álcool gel. Além disso, também foram vestidos com avental especial para evitar contágio.
Cada participante da operação recebeu um kit de higiene, que incluía, entre outros produtos, álcool gel.
Descontaminação na chegada à PF
Ao chegarem nos dois locais definidos para levar os presos e os itens apreendidos, na Delegacia da PF de Santa Cruz do Sul e na Superintendência em Porto Alegre, os agentes passaram por um processo de descontaminação. Além da orientação para retirada correta dos equipamentos de proteção individual (EPIs), também passavam por medição de temperatura e, se necessário, testagem para coronavírus. Todos os itens de segurança para evitar o contágio também foram fornecidos aos presos e seus advogados.
Megaoperação
A Camilo é uma das maiores operações já organizadas pela PF no Estado. Contou com o envolvimento de 280 policiais federais das 13 delegacias no RS e mais da Superintendência da instituição. Participaram ainda 50 policiais federais do Paraná e de São Paulo. Dos demais órgãos envolvidos, foram 25 agentes públicos.