Após o empresário e suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) relatar, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o parlamentar teve informações sobre uma operação que envolvia seu ex-assessor Fabrício Queiroz durante a campanha eleitoral de 2018, o Ministério Público Federal (MPF) resolveu abrir investigação sobre o caso.
A investigação criminal será conduzida pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial. Em 2018, um inquérito que apurava o vazamento de informações privilegiadas por parte da Polícia Federal (PF) foi arquivado. O procurador da República que coordena o núcleo, Eduardo Benones, também pediu o desarquivamento desse inquérito.
Para ele, “há notícias de novas provas que demandam atividade investigatória”.
“As investigações do controle externo visam descobrir se policiais federais vazaram informações sigilosas para privilegiar quem quer que seja. Caso fique comprovado qualquer vazamento, mesmo uma simples informação, os policiais responsáveis podem ser presos e até perder o cargo por improbidade”, afirma Benones.
Ainda no domingo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia pedido para a PF ouvir o depoimento de Marinho no âmbito do inquérito já aberto contra o presidente Jair Bolsonaro a respeito de sua possível interferência na PF. Marinho também será ouvido na nova investigação. O MPF ainda requisitou segurança para ele.
O empresário foi um dos mais importantes e próximos apoiadores de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018. Ele não apenas cedeu sua casa no Rio de Janeiro para a estrutura de campanha do então deputado federal, como foi candidato — e eleito — suplente na chapa de Flávio Bolsonaro.
Entenda o caso
Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo neste sábado (16), Marinho declarou que um dos interesses no controle da Polícia Federal possa ter surgido desde um episódio ocorrido ainda na campanha presidencial. Entre as informações estaria a de que Flávio Bolsonaro teria contado que, uma semana depois do primeiro turno, o ex-coronel Miguel Braga recebeu um telefonema de um delegado da Polícia Federal do Rio dizendo que seria deflagrada a Operação Furna da Onça.
O policial, que teria dito ser adepto da campanha de Jair Bolsonaro, afirmou que iriam segurar a operação, para "não interferir no resultado das eleições".
No domingo, o senador Flávio Bolsonaro classificou a entrevista de seu suplente à Folha de "invenção de alguém desesperado e sem votos". Em nota, Flávio disse que Marinho "preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão" e trocou a família Bolsonaro pelos governadores João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. O ex-aliado de Bolsonaro é pré-candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB.
Flávio também alega que Marinho tem interesse em lhe prejudicar, já que, em caso de algum impedimento do hoje senador, é o seu substituto na Casa.
"Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás?", escreveu Flávio.