O secretário de Saúde de Rio Pardo, Augusto Pellegrini, diz ter sido surpreendido pelas batidas na porta de sua casa na manhã desta quarta-feira (27). Às 6h40min, ele foi comunicado que estava afastado do cargo, em uma investigação que apura fraude de R$ 15 milhões no hospital e nos postos de saúde do município.
Agentes da Polícia Federal (PF) apresentaram um mandado de busca e apreensão e entraram na residência. Além do celular do secretário, foram apreendidos um notebook e documentos.
— Eu disse pra eles que poderiam pegar o que quisessem. Buscaram e saíram — relembrou.
Próximo das 11h, ele foi à delegacia de Santa Cruz do Sul prestar depoimento, acompanhado de um advogado. Sobre os desvios, afirma "estar tranquilo", e que o trabalho da entidade de saúde contratada pela prefeitura, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Abrassi, é "satisfatório" no Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, onde a fraude é investigada.
— Eles inclusive estão construindo 10 leitos de UTI. Se algo for descoberto tem que ser investigado, e eu vou contribuir para tudo ser esclarecido. De minha parte, estou tranquilo — afirmou.
Pellegrini não quis comentar a prisão do prefeito Rafael Barros (PSDB), que, por determinação judicial, teve ainda o mandato suspenso por 180 dias. Além do chefe do Executivo, também foi preso o procurador-geral do município, Milton Coelho.
Clima na prefeitura
Enquanto os agentes faziam as primeiras diligências, uma dezena de servidores foram barrados de entrar no prédio. O vereador João Luiz Vaz da Rocha (PTB), filho da vice-prefeita e relator de uma CPI que apura fraude em licitações no município, foi o primeiro político a chegar na prefeitura:
— Não me surpreende a prisão do prefeito. Os fatos são graves, e desde o primeiro ano a gente tenta e não consegue acesso a nada dos documentos das (empresas) terceirizadas.
Irmão do prefeito, o secretário de Planejamento, Indústria e Comércio, Ramon Barros (PSL), esteve no prédio municipal e foi até seu gabinete. Segundo ele, ainda não havia tido contato com Rafael Barros após o ocorrido.
A vice-prefeita, Rosane Rocha (PTB), também foi à sede do Executivo, que permanecia ocupada pelos agentes do MP e da PF. Ela limitou-se a dizer que "não participou dos atos da gestão" e que iria analisar o documento que trata da suspensão dos direitos do prefeito afastado.
A assessoria de imprensa da prefeitura afirmou que "está analisando o caso".