Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o Superintendente Regional da Polícia Federal (PF), José Antônio Dornelles de Oliveira, detalhou o esquema criminoso que resultou na prisão do prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros (PSDB), na manhã desta quarta-feira (27). De acordo com o delegado, a investigação levantou que os desvios relacionados à administração da área da saúde da cidade chegam a, pelo menos, R$ 15 milhões.
— Essa operação traz satisfação, mas também muita tristeza. A corrupção mata. Mata porque o dinheiro não chega na melhoria da estrada, na saúde, na compra de respirador, enfim. A operação é isso: dinheiro desviado que não chegou na ponta, no paciente. Temos um desvio calculado de R$ 15 milhões. Praticados por servidores públicos, empresários — explica.
A operação conjunta deflagrada nesta quarta-feira apura crimes de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência. Os contratos alvos dos promotores são referentes aos serviços de saúde pública, hospital e postos de saúde.
Uma organização com atuação nacional, contratada pela prefeitura, terceirizava as atividades para empresas menores, que continham laranjas. O serviço era pago, mas não era entregue ou ocorria de forma precária. De acordo com o delegado, esse esquema gerava uma espécie de "quarteirização":
— O sistema funcionava com uso de uma OS (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)). Foi por chamamento público contratado pelo hospital de Rio Pardo, que já é uma terceirização. Na realidade, ocorreu uma quarteirização. A partir do momento que essa OS entrou, ela repassou para empresas. Desses R$ 60 milhões, R$ 15 milhões foram desviados. Temos uma análise de que talvez mais possa ter sido desviado.
Segundo o Superintendente Regional da PF, o prefeito Rafael Barros "tinha pleno conhecimento das atividades das empresas, e ela (Oscip) foi colocada lá com a concordância para a obtenção de vantagens".
— Por que ele colocou? Justamente por isso (pelos desvios). Detectamos alguns valores, inclusive entrando em contas pessoais — afirma.
Por determinação judicial, Barros teve ainda o mandato suspenso por 180 dias. O procurador do município, Milton Coelho, também foi detido e o secretário da Saúde, Augusto Pellegrini, foi afastado.
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CONTRAPONTO
O que dizem Fabiano Pereira Voltz, a Abrassi, a São Bento e o Isev:
GaúchaZH tentou contato, mas não conseguiu retorno. Dirigentes dessas entidades foram presos e os seus advogados ainda não falaram a respeito. Assim que retornarem o contato, sua versão será publicada.
O que diz o prefeito de Rio Pardo
A defesa de Rafael Reis Barros aguarda decisão do TRF-4 para ter acesso à investigação, e a partir dela realizar o contraditório. Ezequiel Vetoretti, Rodrigo Grecellé Vares e Eduardo Vetoretti