Ainda sem conquistar o apoio da maior bancada aliada na Assembleia para o pacote que altera carreiras do funcionalismo, o Piratini vai centrar suas atenções nos oito deputados do MDB na véspera da data projetada para a votação. Uma reunião com o governador Eduardo Leite está marcada para esta segunda-feira (16). Sem convencer os parlamentares da sigla, a tendência é de que o Piratini recue e transfira as discussões em plenário para o final de janeiro.
Publicamente, o governo demonstra otimismo. Nos bastidores, no entanto, a preocupação é evidente. Há pressão de categorias para mudanças nos projetos — em especial de professores e policiais — além de dúvidas legais quanto à competência do parlamento gaúcho para decidir sobre alguns pontos.
Reuniões com representantes de servidores, intermediadas por deputados da base, entraram na rotina do Executivo estadual nas últimas semanas e seguirá nos próximos dias.
— O momento é estratégico e o governo não pode errar nas negociações do pacote. O lema agora é "erro zero" — sustenta o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian.
O encontro da bancada do MDB com Leite e Otomar está previsto para as 18h30min desta segunda-feira. Horas antes, os parlamentares irão se reunir em um almoço para decidirem, em consenso, a posição frente ao pacote. Se for negativa, a tendência é de que os deputados não registrem presença na sessão plenária de terça-feira (17), impossibilitando a votação.
Entre os principais pontos atacados, estão a competência do Estado para alterar alíquotas previdenciárias dos militares, a criação de uma parcela autônoma que seria descontada para assegurar aumentos salariais e a votação dos projetos que regulamentam as mudanças nas carreiras antes da proposta de emenda Constitucional (PEC) que traz as alterações.
— Ainda não nos sentimos bem para votar. Essa é a nossa posição por enquanto. Vamos nos reunir para fechar a questão — comenta o deputado Edson Brum (MDB), reclamando de falta de diálogo entre o Piratini e a base aliada.
Para o parlamentar, o ideal seria transferir a votação de todo o pacote para o final de janeiro, quando está prevista a convocação de sessões extraordinárias. Mas, se depender do líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), o plano original será mantido. Neste sábado (14), em meio a compromissos em municípios da região norte do Estado, ele afirmou que segue conversando com os colegas de plenário.
— Nós estamos permanentemente em contato com os deputados. O governador está à disposição para responder eventuais dúvidas — pontua Antunes.
Na quinta-feira (12), após pedido da deputada Juliana Brizola (PDT) para suspender a tramitação dos projetos, o desembargador do Tribunal de Justiça Francisco Moesch, pediu explicações ao Piratini sobre o prazo e o conteúdo das propostas. Apesar do ato, a expectativa é de que ele não paralise a tramitação das matérias.