A primeira reação dos dirigentes sindicais foi negativa, mas é indiscutível que a proposta apresentada nesta quinta-feira (12) pelo governador Eduardo Leite tornou mais palatável o pacote que está na Assembleia. O salário do último nível do plano de carreira, que será de R$ 4.752,42 em 2020 e chegará a R$ 5.359,99 em 2022, representa um avanço em relação à proposta inicial, de R$ 3.887,30.
O valor está longe do ideal, se compararmos o Brasil à Finlândia ou à Suécia, mas é o possível em um quadro de crise profunda. Também está distante, como sempre esteve, do topo das carreiras jurídicas, da segurança pública ou da Fazenda. Ficam abaixo da miragem que desde a instituição do piso nacional embala os sonhos dos professores, de manter o plano atual, com seu efeito cascata, e adotar os R$ 2.557,74 como básico da carreira para a jornada de 40 horas.
Os deputados terão de trabalhar com a realidade. Ou se muda o plano de carreira agora, abrindo caminho para futuros reajustes, ou se mantém as regras atuais e condena os professores a mais alguns anos de congelamento.
O Cpers vai anunciar a posição oficial na sexta-feira (13), às 10h. Será uma surpresa se o sindicato aceitar a proposta, que vem sendo chamada de “remendo”. Os professores não admitem o fim dos adicionais de tempo de serviço, rejeitam a mudança nos critérios de classificação das escolas de difícil acesso e não querem ouvir falar da cobrança de contribuição previdenciária dos inativos que ganham acima de um salário mínimo.
Leite mudou a proposta por pressão dos deputados que, por sua vez, sentiram o bafo na nuca dos professores em suas bases. A greve, a maior dos últimos anos, forçou o governo a melhorar a oferta. Leite avisou que chegou ao limite do que poderia ceder sem desidratar o pacote.