O protesto realizado por professores estaduais na Praça da Matriz, na tarde desta terça-feira (26), teve um tumulto na entrada do Palácio Piratini. De acordo com boletim enviado pela Secretaria Municipal de Saúde às 17h50min, 11 pessoas ficaram feridas sem gravidade. Entre os atendidos no Hospital de Pronto Socorro (HPS) está a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schürer. O governo do RS afirmou que dois policiais também ficaram feridos.
Um grupo de líderes do Cpers/Sindicato seria recebido pelo governo para dialogar na sede do governo do RS. Quando os dirigentes do sindicato estavam perto de ingressar no local, outros manifestantes forçaram a entrada.
A Brigada Militar reagiu, e houve confusão. Imagens mostram ativistas jogando cones na entrada do Palácio para tentar forçar a porta.
Conforme os servidores, sete manifestantes ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) — alguns afirmaram que foram agredidos por cassetete e outros disseram que inalaram gás de pimenta. No tumulto, gradis foram derrubados. A presidente da entidade, Helenir Schürer, afirmou que também foi atingida por um cassetete.
Os professores estão paralisados em protesto contra a proposta do governo de mudança no plano de carreira do magistério e contra o projeto que aumenta as alíquotas de previdência. O Executivo defende as medidas como forma de ajuste fiscal.
A assembleia dos professores estaduais foi convocada para avaliar os primeiros dias de paralisação. Segundo o Cpers/Sindicato, a greve continuará até que o governo retire a pauta encaminha aos deputados.
— A greve vem em uma crescente e queremos atingir 90% de adesão até o fim da semana. Não existe hoje aqui nenhuma discussão para colocar fim a greve. Para haver algum diálogo, o governo vai ter que tirar esse projeto e iniciar as negociações — disse Helenir Schürer.
Um caminhão de som foi posicionado em frente a sede do governo, que foi cercada por grades e policiais da Brigada Militar, causando bloqueio na rua Duque de Caxias. Além de líderes sindicais, professores se inscreveram e participam de sorteios para poder usar o microfone por alguns minutos. Nas falas, eles pediram para que o governador Eduardo Leite retirasse o pacote de medidas que foi encaminhado para a Assembleia.
Conforme o Cpers, a maior parte dos manifestantes vem de várias regiões do Interior. Alunos de escolas estaduais da Capital também participam do ato, bem como sindicatos que representam outras categorias de servidores estaduais.
Governo e Cpers continuam com números divergentes em relação a greve. Conforme o sindicato, 1.533 escolas são afetadas, sendo 773 totalmente paradas. Já a Secretaria Estadual da Educação diz que 526 escolas estão sem aulas no Estado e outras 500 estão com atendimento parcial. Conforme a pasta, o número é muito variável, pois em 60% das escolas há condições de funcionamento. O balanço, de acordo com a secretaria, compreende 2.244 escolas no Estado que responderam aos questionamentos da Secretaria.
Dois lados
Na noite desta segunda, o Cpers divulgou um texto em que afirma que a "responsabilidade pelo massacre na Praça da Matriz é do governador Eduardo Leite".
"Após a derrubada do gradil, membros da comitiva se viram espremidos entre a tropa de choque da Brigada Militar e a multidão. Dezenas foram covardemente agredidos com gás de pimenta e cassetetes. O episódio evidencia, por um lado, a aversão ao diálogo por parte do Estado e, por outro, a situação limítrofe em que se encontra a categoria", diz o texto.
Do outro lado, por meio de nota, o governo do RS repudiou a tentativa de invasão do palácio e chamou de "agressiva e injustificável" a atitude dos manifestantes.
O governo afirmou também que se coloca à disposição para "dialogar a respeito das propostas encaminhadas à Assembleia" e que "atitudes como a verificada na tarde desta terça-feira não ajudam em nada a resolver os problemas do Estado e colocam em risco a integridade física das pessoas envolvidas".