Uma entrevista do ex-ministro Gustavo Bebianno ao jornalista Fábio Pannunzio reacendeu a polêmica sobre o convite do presidente Jair Bolsonaro ao ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ex-secretário-geral da Presidência e homem forte da campanha eleitoral do PSL em 2018, Bebianno disse que Paulo Guedes, atual ministro da Economia, lhe contou ter conversado com Moro antes do segundo turno das eleições de 2018 sobre a possibilidade de assumir a pasta.
O ex-juiz afirma que tratou do assunto na semana anterior ao segundo turno, realizado no dia 28 de outubro, e que o convite oficial foi feito em novembro, após o resultado. Moro rebateu nesta quarta (20) coluna de Elio Gaspari, publicada na Folha, sobre o convite. No texto "O mistério do convite a Moro", Gaspari trata da entrevista de Bebianno a Fábio Pannunzio.
Veja o que se sabe até agora sobre o convite para Moro assumir o ministério:
Quando Bolsonaro sondou Moro pela primeira vez para o Ministério da Justiça?
Segundo relatos, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, foi responsável pelos primeiros contatos com o então juiz Sergio Moro ainda durante a campanha eleitoral. Foram cerca de cinco conversas até a sondagem definitiva, no dia 23 de outubro de 2018 — antes do segundo turno da eleição, realizado no dia 28.
Quando Bolsonaro fez o convite?
O convite formal foi feito em 1º de novembro de 2018, quando Moro e Bolsonaro, já presidente eleito, se encontraram pela primeira vez, no Rio de Janeiro.
O que diz o ex-ministro Gustavo Bebianno?
Segundo o ex-secretário-geral da Presidência, Guedes lhe contou ter conversado com Moro "cinco ou seis vezes" antes do segundo turno das eleições do ano passado sobre a possibilidade de assumir o Ministério da Justiça.
O que diz Moro?
De acordo com o ex-juiz, na semana anterior ao segundo turno ele foi sondado por Guedes e somente após o resultado recebeu o convite oficial de Bolsonaro. Segundo ele, não havia até então nenhum relacionamento ou quaisquer tratativas com Bolsonaro ou Guedes.
O compromisso sobre indicar Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi algo tratado desde o início?
Aliados de Bolsonaro afirmam que durante a conversa do dia 1º de novembro, em que foi feito o convite para o ministério, ele acenou com a possibilidade de indicá-lo ao Supremo.
O que Moro disse sobre o assunto?
Em entrevista em maio, Moro afirmou que jamais estabeleceu a vaga no Supremo como condição para ser ministro.
— Quando nós conversamos, bem, eu estava abandonando 22 anos de magistratura e aqui no Brasil é um caminho sem volta, é um certo sacrifício. (...) Eu acho que o presidente, tendo em vista essa situação, se sentiu com esse compromisso de oferecer essa vaga quando surgir no futuro — disse.
E Bolsonaro?
Em um primeiro momento, Bolsonaro disse que firmou um compromisso com Moro. Depois, voltou atrás e afirmou que não houve acordo prévio.
— Não teve nenhum acordo, nada — disse.
A indicação ao STF foi uma condição para Moro assumir o ministério?
De acordo com aliados do presidente, tratou-se apenas de um atrativo para Moro integrar o ministério.