O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (1º) que não irá à posse de Alberto Fernández, eleito presidente da Argentina no domingo (27), mas negou qualquer retaliação de seu governo ao país vizinho.
— Torci pelo outro (Maurício Macri), né? Já que (Fernández) ganhou, vamos em frente. Da minha parte não tem qualquer retaliação neste sentido, e espero que eles continuem fazendo uma política conosco semelhante ao que o Macri fez até momento — disse ao sair do Palácio da Alvorada.
Questionado se iria à posse de Fernández, que assume o cargo no dia 10 de dezembro, Bolsonaro inicialmente hesitou, mas depois respondeu de forma contundente:
— Não vou — disse, arrancando aplausos de apoiadores que o esperavam na porta da residência oficial da Presidência.
O mandatário brasileiro ainda não cumprimentou o kirchnerista, diferentemente de outros líderes da região, como o centro-direitista Sebastián Piñera, do Chile, aliado a Bolsonaro.
O presidente passou a falar da Argentina depois de dizer que a economia brasileira precisa se recuperar.
— Olha a Argentina na situação complicada em que se encontra. Nosso irmão do sul. Peço a Deus que dê tudo certo lá — afirmou.
Durante viagem ao Oriente Médio, Bolsonaro disse que não cumprimentaria o candidato peronista, responsável por derrotar o mandatário atual, Maurício Macri, em primeiro turno. Fernández venceu tendo como vice a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner.
— Não pretendo parabenizá-lo. Agora não vamos nos indispor. Vamos esperar o tempo para ver qual a posição real dele na política. Porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo, e vamos ver qual linha que ele vai adotar — afirmou na segunda (28).
A vitória da chapa peronista colocou em xeque a relação entre Brasil e Argentina, em especial envolvendo o Mercosul.
Em julho, Fernández havia dito que reveria o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE), caso o pacto representasse desindustrialização para o país. Nos últimos dias, Bolsonaro descartou a possibilidade de o Brasil sair do Mercosul neste momento, mas criticou o argentino por ele ter manifestado apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na terça (29), Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro, fez uma provocação a Estanislao Fernández, filho do recém-eleito presidente argentino, ao compartilhar uma postagem que mostrava foto dele, posando com uma arma, e do argentino, que faz cosplay e se veste de drag queen, fantasiado como o protagonista do animê Pokémon.
Estanislao respondeu: "Irmãos brasileiros, estamos juntos nessa luta. Os amo".