O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (28) que não vai cumprimentar o peronista Alberto Fernández, eleito presidente da Argentina em primeiro turno. Com 96,22% das urnas apuradas na noite de domingo (27), o opositor havia conquistado 48,03% dos votos contra 40,44% do atual presidente, Mauricio Macri.
— Não pretendo parabenizá-lo. Agora, não vamos nos indispor. Vamos esperar o tempo para ver qual a posição real dele na política. Porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo, e vamos ver qual linha que ele vai adotar — disse.
A declaração foi feita na partida dos Emirados Árabes Unidos, onde o presidente esteve desde sábado (26). Bolsonaro também afirmou lamentar o resultado das eleições argentinas.
— Lamento. Não tenho bola de cristal, mas acho que a Argentina escolheu mal. O primeiro ato do Fernández foi já "Lula livre", dizendo que ele está preso injustamente. Já disse a que veio — afirmou Bolsonaro, em alusão à foto compartilhada pelo presidente eleito nas redes sociais.
Segundo Bolsonaro, não há, no momento, expectativa de manifestação do Itamaraty. O presidente disse que vai esperar os resultados finais das eleições e conversar com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para decidir o que fazer.
Sobre o Mercosul, disse que "por enquanto continua tudo bem". Em julho, Fernández havia dito que reveria o acordo entre o bloco e a União Europeia, caso o pacto representasse desindustrialização para o país.
— Vamos esperar agora que banho de realidade ele vai ter — afirmou Bolsonaro, dizendo que empresas já estão retirando investimentos do país vizinho.
O presidente brasileiro descartou, porém, a possibilidade de o Brasil deixar o Mercosul, como havia cogitado anteriormente. Em vez disso, falou em "afastar a Argentina" se a eleição do peronista afetar o acordo entre os blocos.
— Não digo que sairemos do Mercosul, mas podemos juntar ali com o Paraguai, não sei o que vai acontecer nas eleições do Uruguai, e decidirmos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não. Se ferir, podemos afastar a Argentina. Mas a gente espera que nada disso seja necessário. Que a Argentina não queira, na questão comercial, mudar seu rumo.
Segundo o presidente, a vitória do opositor se deve ao fato de que reformas feitas por Macri não terem dado os resultados esperados.
— Agora, a Argentina colocou no poder quem colocou a Argentina no buraco lá atrás — disse.