Pela primeira vez após a assumir o cargo, o presidente da CEEE, Marco Soligo, concedeu entrevista sobre o futuro da companhia de energia, que segue em processo de desestatização. Com a missão de endireitar os trilhos da empresa, atolada em dívidas, Soligo afirmou que a companhia é atrativa à iniciativa privada "do jeito que ela está", e negou que o processo de privatização necessariamente leve o Estado a assumir o passivo bilionário.
— A companhia vai ser desestatizada. Existem diversos modelos e isso vai ser definido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O que posso garantir é que estamos em uma inteligência descomunal para minimizar qualquer passivo que fique para a sociedade — enfatiza Soligo, em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta quarta-feira (9).
Em agosto, o governo assinou contrato com BNDES para definir privatização da CEEE. O objetivo, entre outras coisas, é identificar qual o real valor da companhia e de quanto é o passivo. Os serviços vão ser feitos em parceria com a equipe do governo gaúcho. Ainda não está claro se o modelo adotado para a venda da companhia incluirá o passivo bilionário. Quando dívidas entram no pacote, o preço mínimo da venda tende a baixar. Também é comum que governos assumam ao menos parte da conta para não espantar possíveis compradores.
Conforme Soligo, a CEEE é cobiçada no mercado, mesmo com as conhecidas dívidas. O presidente elencou problemas relativos a acordos coletivos incorporados no passado, como 14º salário para todos os servidores, além de despesas na tarifa, mas foi enfático ao repetir que a companhia tem potencial para "ser a melhor empresa do setor elétrico brasileiro" sem o engessamento do serviço público:
— Ela é uma companhia maravilhosa em termos de sistemas de TI (tecnologia da informação), muito poderosa em termos de qualidade das pessoas muito bem formadas, tem um sistema comercial muito bom. Pode parecer (ruim), porque não recolhe ICMS. Não é, é muito forte. — diz — Quando falo com outros executivos que estão atuando em empresas privatizadas recentemente e eles falavam: "Marco, nós não compramos uma companhia porque ela não existe, compramos uma concessão". Aqui não é o caso, essa companhia é poderosa — completa.
A expectativa é de que o leilão seja lançado em meados de 2020, a partir da modelagem. Mas a corrida pelo recolhimento do ICMS é peça-chave na companhia. Este ano foram R$ 500 milhões de inadimplência relativos ao imposto com o governo.
— Eu acompanho o fluxo de caixa todos os dias. Eu não esqueço nunca o meu compromisso com governador