Em uma derrota para a ala bolsonarista do PSL, a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados decidiu nesta quinta-feira (17) que o Delegado Waldir continua líder do partido na Casa.
A Secretaria-Geral conferiu as assinaturas das três listas protocoladas na noite desta quarta-feira (16), duas delas apresentadas pela ala bolsonarista do PSL, que tentava destituir o Delegado Waldir e substituí-lo por Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, na liderança da legenda na Câmara. Segundo deputados, o presidente atuou pessoalmente para influir no processo.
Em outro capítulo da guerra aberta dentro do PSL, Bivar destituiu Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) das presidências da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida do comando do PSL do Distrito Federal. Em retaliação, o governo destituiu a deputada Joice Hasselmann (SP) da liderança no Congresso.
Presidente derrotado em disputa direta
Na noite de quarta, a ala bolsonarista entregou uma lista com 27 assinaturas para tirar Waldir do comando da bancada. Pouco depois, a ala bivarista apresentou sua própria lista, com 31 deputados. Os aliados do presidente apresentaram outra lista, com 27 nomes.
Segundo a Secretaria-Geral, das 27 assinaturas da primeira lista, 26 conferiram. Na lista dos apoiadores de Waldir, dos 31 nomes, 29 foram confirmados. E da terceira, dos 27 nomes, 24 conferiram a assinatura é comparada com o cartão de assinatura do deputado.
A SGM reportou a análise ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chancelou.
Pelas regras, a última lista apresentada valeria. Mas, como não alcançou um nome a mais da metade dos parlamentares do partido, foi desconsiderada. Ficou valendo, então, a protocolada pelos apoiadores do Delegado Waldir, a única também com apoio de mais da metade dos deputados do PSL.
Alguns nomes aparecem nas duas listas, como os dos deputados Coronel Chrisóstomo, Daniel Silveira e Luiz Lima.
Nesta quinta, Delegado Waldir reuniu jornalistas e afirmou que os dissidentes da ala bolsonarista não serão expulsos, mas poderão sofrer sanções legais.
— Ninguém vai ser expulso. Nós vamos atender o que existe de regras na Constituição, no que existe no regimento da Câmara e dentro do regimento do PSL — afirmou.
Apesar do tom pacificador, Waldir criticou "algumas pessoas que não respeitaram o partido, o presidente Luciano Bivar, a minha pessoa e outros parlamentares."
Ele disse estar sofrendo uma campanha "deliberada" para prejudicar a imagem de alguns parlamentares com fake news.
— Esses que estão usando esse critério, propagando difamação, até calúnia, essas pessoas sofrerão as sanções legais — disse.
O parlamentar minimizou ainda o embate com os bolsonaristas.
— Só aconteceu, o que é muito normal na democracia, uma disputa pela liderança do PSL, que é um espaço estratégico.
Waldir afirmou que sua liderança é temporária e termina em janeiro, e que em fevereiro o partido escolherá outro líder. O parlamentar disse ter começado a elaborar uma lista ao tomar conhecimento de que havia o recolhimento de assinaturas de alguns parlamentares. Apesar disso, Waldir afirmou que pretende pacificar o PSL.
— A gente sabe que houve um grande embate, muito desgaste, mas queria dizer que nós somos extremamente fiéis ao governo. Repetir: 98% fiel ao governo — afirmou o parlamentar, que negou ter obstruído, na terça, a votação da medida provisória que reformulava a estrutura do governo.
Durante a sessão, Waldir determinou que a legenda entrasse em obstrução tática comumente usada pela oposição para dificultar votações de interesse do Planalto. Segundo o parlamentar, a obstrução teve como objetivo evitar que os peselistas levassem falta no plenário.
Para Rodrigo Maia, brigas internas "não atrapalham"
Mais cedo, em referência à disputa travada na bancada do PSL, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que brigas internas de partidos não atrapalham o andamento das pautas no Congresso.
— Há um ambiente de modernização do Estado brasileiro que contamina a maioria daquela Casa e não são brigas internas de partido A ou B que vão atrapalhar o prosseguimento da nossa pauta — disse Maia.
Ele confirmou na ocasião que a decisão sobre a liderança da bancada caberia à Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, com a verificação e a contagem das assinaturas.
— O que for checado será cumprido. Essa não é uma decisão política, é uma decisão estritamente da Secretaria-Geral — afirmou.