Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (30), o advogado de Jair Bolsonaro negou envolvimento do presidente no Caso Marielle após novas revelações sobre o inquérito que apura a execução da vereadora e do motorista Anderson Gomes. De acordo com Frederick Wassef, não há dúvidas de que a citação a Bolsonaro "é uma armação para tentar incriminar o presidente".
— Nós temos de forma inequívoca e incontestável uma fraude, um depoimento falso, criminoso, dentro de um inquérito policial, de uma investigação que já acontece há muito tempo sobre a morte de Marielle. É claramente um ardil, uma engenharia criminosa, um mecanismo para tentar envolver a pessoa do presidente da República neste horrendo crime — disse o advogado.
Conforme reportagem do Jornal Nacional, no dia em que a vereadora foi assassinada, o acusado de cometer crime — o ex-policial militar Élcio Queiroz — esteve no condomínio onde fica a casa do presidente. Segundo o depoimento do porteiro à Polícia Civil do Rio de Janeiro, Queiroz pediu para ir na casa de Bolsonaro e um homem atendeu o interfone e autorizou a entrada. O acusado, no entanto, teria ido em outra residência dentro do condomínio.
Questionado sobre qual seria a motivação de um depoimento falso por parte do porteiro, como alega a defesa, Wassef afirmou que isso terá de ser apurado pelas autoridades, mas que "seria infantil e patético" achar que o funcionário teria um desafeto pessoal com o presidente.
— Eu não sei quem fez isso, certamente não é uma pessoa. Eu tenho convicção pessoal de que tem um grupo de pessoas agindo nos bastidores devido ao que está em jogo e devido ao que é o caso — enfatizou Wassef.
Após a veiculação da reportagem, Bolsonaro defendeu que o processo sobre a morte, que corre em segredo de Justiça, foi vazado para a TV Globo pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. O presidente acusa governador de "conduzir" o processo "para manchar" seu nome.
Na madrugada desta quarta, depois de o presidente acusá-lo de vazar para a TV Globo o conteúdo do processo sobre a morte da vereadora, Witzel divulgou nota. No texto, o governador afirma que "lamenta profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro" e nega qualquer tipo de interferência nas investigações.