A Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados decidiu nesta quinta-feira (17) que o Delegado Waldir continua líder do PSL na Casa, apesar da articulação do presidente Jair Bolsonaro, que tentou colocar um dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), na posição.
O embate dentro da sigla, com uma guerra de listas, gerou uma série de reviravoltas ao longo do dia, com a destituição de alguns políticos de cargos de liderança do PSL, vazamento de áudios e ameaças de "implodir" a presidência.
Acompanhe os principais fatos, até o momento:
Ainda na quarta-feira (16), uma gravação, divulgada pela revista Época, mostrou o presidente Jair Bolsonaro pedindo a deputados do PSL apoio para derrubar o Delegado Waldir. No áudio, o presidente afirma que faltava apenas uma assinatura para efetivar a troca, criando uma espécie de “mandato tampão” até a nova eleição para o cargo.
Nesta quinta-feira (17), o presidente disse na saída do Palácio da Alvorada que não vai comentar o assunto publicamente, destacando que “se alguém grampeou telefone, primeiro é uma desonestidade".
Depois da protocolação de três listas distintas na Câmara dos Deputados, duas delas procurando destituir o Delegado Waldir (PSL-GO) da liderança do partido na Casa, ficou visível o racha entre as alas bolsonarista e bivarista dentro da legenda.
Assim, o presidente do PSL, Luciano Bivar, destituiu Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) das presidências da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada do presidente da República, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida do comando do PSL do Distrito Federal.
Em retaliação aos atos do presidente do PSL, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi destituída da liderança do governo no Congresso. Ela havia assinado a lista de apoio à permanência do Delegado Waldir (GO) na liderança do partido na Câmara, apesar das pressões da ala bolsonarista.
Joice afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que ganhava "uma carta de alforria, graças a Deus". Ela disse que pretende se dedicar, agora, à sua candidatura para a prefeitura de São Paulo.
O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) será o substituto da parlamentar no cargo.
Em mais um áudio vazado nesta quinta-feira, o Delegado Waldir disse que vai implodir o governo de Jair Bolsonaro. A conversa foi gravada dentro do gabinete do deputado na quarta (16).
— Vou fazer o seguinte, vou implodir o presidente. Aí, mostro a gravação dele, tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, cabô, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo — disse em gravação revelada pelo site R7.
Mais tarde, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) admitiu aos jornais Estado de S. Paulo e O Globo que foi o responsável pela gravação do áudio. Silveira disse que se "infiltrou" em uma reunião de deputados do PSL realizada na quarta-feira (16) e que o objetivo de gravar o encontro foi "blindar" o presidente na disputa interna que foi deflagrada no PSL entre Bolsonaro e Luciano Bivar.
— Era uma estratégia pensada. Eu, Carlos Jordy (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro, (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF). Todo o grupo do Jair para gente poder blindar o presidente — disse Silveira ao jornal O Estado de S. Paulo.
Silveira afirmou que mostrou a gravação a Bolsonaro e ele ficou "p... da vida".
A conversa foi gravada dentro do gabinete de Delegado Waldir nesta quarta-feira (16).